A Cooperativa Aurora executa projetos de recuperação em vinhedos destruídos no Rio Grande do Sul. O processo envolve reparos em solo danificado por deslizamentos, para que agricultor possa seguir ativo na colheita de uva. Cooperativa estima investimentos de até R$ 200 mil por hectare.
Luciano Demari, 42 anos, repete várias vezes ao longo da conversa: ‘tem que ser forte’. Ele é um dos produtores de uva afetados pelo desastre climático no Rio Grande do Sul, o maior no estado. O evento, que ocorreu em maio, deixou muitos produtores na desespera, sem saber como recuperar os danos. ‘Eu fui a primeira pessoa que chegou e se deparou com essa tragédia nos vinhedos. Foi bastante frustrante, desanimadora no momento.
As chuvas intensas e prolongadas causaram deslizamentos e desabamento de terra, além de um desmoronamento generalizado. Os produtores ainda enfrentam dificuldades para se recuperar, com prejuízos estimados em milhões de reais. ‘Foi um verdadeiro desastre, que afetou não apenas os vinhedos, mas também a comunidade como um todo’, ressalta Luciano. Além disso, o clima adverso não é apenas um problema local, e pode ter consequências mais amplas para a produção de alimentos no estado. ‘O Rio Grande do Sul é conhecido por suas excelentes uvas, mas agora, com o desastre climático, é necessário encontrar uma solução para evitar que isso aconteça novamente no futuro’, acrescenta.
Desastre no Rio Grande do Sul: agricultor se recupera com apoio da cooperativa
A terra que os sustentava hoje jaz no fundo de uma vala profunda, o desabamento que acordou a família Demari, em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, deixou todos sem saber como lidar com a situação. ‘E agora, eles precisam de apoio emocional, acreditar que vão poder reconstruir’, afirma Nilzete de Mari, tia do agricultor Nacir Demari. Nacir Demari, 67 anos, é o responsável por tocar o vinhedo que começou com o avô, imigrante italiano, há mais de 50 anos e seguiu com o pai Ilso, e o tio Nacir. Todos dormiam na madrugada em que a terra deslizou e levou embora o trabalho de três gerações, além de carros e máquinas agrícolas que ficaram soterrados. ‘A gente vai se acostumando com a situação, criando coragem para recomeçar’, lembra Luciano, produtor de uva da família. ‘Mas a gente não pode se acostumar com um desastre de uma proporção dessas’, reflete o agricultor.
Dois anos após o desastre, o agricultor continua a trabalhar na recuperação da propriedade. ‘Eu não abandonei por causa do meu sobrinho’, conta Nacir. ‘Ele disse que está tudo no chão, mas nós vamos tocar de novo’, lembra Nilzete. A família enfrenta um desastre climático sem precedentes, que deixou a terra destruída e os produtores sem conhecimento sobre o que fazer. ‘A gente nunca viu nada assim antes’, lembra Maurício Bonafé, gerente Agrícola da Cooperativa Vinícola Aurora. ‘A gente estava fazendo tudo certo, mas aí, o desastre aconteceu’, conta Nacir.
A família perdeu 4 hectares de terra, que eram usados para cultivar 320 mil kg de uvas para suco. A próxima colheita, em janeiro, a produção deve cair para menos da metade e ficar em torno dos 140 mil kg. Os deslizamentos de terra na serra gaúcha, totalizando mais de 1,2 mil hectares entre áreas de mata e de lavouras, afetaram 86 cooperados da cooperativa. A estimativa de perdas da Aurora é de 2,5 milhões de kg de uvas na safra, o que representa um percentual baixo em relação ao total produzido, mas significativo para as famílias. ‘Alguns produtores perderam até 70% da área produtiva’, lembra Bonafé.
Fonte: @ Estadão
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