Cena existencial. Reação fria da plateia, drama em competição principal, direção e arte. Prêmio de fotografia.
Em uma noite de suspense no Cine Ceará, o filme Milonga fez história ao se tornar o vencedor do 34º Festival. Com sua abordagem única e profunda, Milonga conquistou o coração da plateia e se destacou entre os competidores. O filme, dirigido por Laura González e protagonizado pela talentosa Paulina García, trouxe à tona uma narrativa existencial que cativou o público presente.
Entre os concorrentes, Milonga se destacou como o vencedor, recebendo o prêmio e a atenção merecidos. O cerimonial do festival foi cheio de emoção e surpresas, mas o filme Milonga foi o grande destaque da noite. Com sua força e impacto, Milonga provou ser o verdadeiro vencedor do 34º Cine Ceará, deixando um legado indelével no festival e na comunidade cinematográfica do Ceará.
Palco para a arte
Laura, uma talentosa roteirista, conquistou o coração do festival com seu trabalho magistral, recebendo o troféu de melhor roteiro. Mas não foi o único a brilhar, pois os outros competidores da mostra principal foram agraciados com pelo menos um troféu Mucuripe, a estatueta icônica do festival. E foi assim que Fabien Pisani, um diretor cubano, levou o troféu de melhor direção com o filme El la Caliente – Contos de um Guerreiro do Reggaeton, que também conquistou a categoria de melhor som.
O filme brasileiro Um Lobo entre os Cisnes foi um verdadeiro vencedor, recebendo prêmios em várias categorias, incluindo direção de arte e atuação coadjuvante. O filme argentino ‘Linda’ também fez história, levando o prêmio de fotografia. E o domenicano A Bachata do Biônico recebeu o prêmio de montagem. Além disso, o filme Brasiliana: o musical negro que apresentou o Brasil ao mundo recebeu o prêmio de trilha sonora original, indicando que a competição principal apresentou um nível de qualidade respeitável.
Mas, ao mesmo tempo, não houve nenhum filme excepcional que despertasse a atenção. Apenas dois filmes se destacaram: o vencedor Milonga e o subestimado Linda, que recebeu o prêmio como melhor filme na premiação da crítica. A competição principal mostrou um bom nível de qualidade, mas, na minha opinião, dois filmes se destacaram: o vencedor Milonga e o subestimado Linda, que recebeu o prêmio como melhor filme na premiação da crítica.
A categoria de atuação também foi um destaque, com a entrega de prêmios para as duas melhores atuações, sem distinção de gênero. A atuação de Paulina García foi digna de nota, mas infelizmente, não recebeu o prêmio de melhor atriz. Além disso, o filme El la Caliente recebeu dois prêmios, direção e som, que, na minha opinião, poderiam ter sido recebidos por outros filmes.
No entanto, o melhor curta-metragem foi Fenda, de Laís Paim, que descreve a problemática reaproximação entre mãe e filha, num registro emocional intenso porém equilibrado. Mas, infelizmente, o curta de Carlos Adriano, Os mortos resistirão para sempre, sobre o genocídio do povo palestino, foi ignorado tanto pelo júri oficial como pelo da crítica.
A mostra Olhar do Ceará foi vencida pelo documentário Antonio Bandeira – a poesia das cores, de Joe Pimentel, que descreve, de forma intensiva, a trajetória do pintor cearense, que foi morar em Paris e fez sucesso internacional. E, após a cerimônia de premiação, foi exibido Baby, de Marcelo Caetano, que estreia apenas em janeiro de 2025. Um filme maravilhoso que, espero, dará o que falar quando chegar aos cinemas.
Em resumo, o festival foi uma celebração da arte e da criatividade, com muitos filmes e prêmios para serem distribuídos. E, embora haja sido um festival com muita qualidade, é preciso reconhecer que, por vezes, a justiça não é feita. Mas, como dizia Guimarães Rosa, ‘Pão ou pães é questão de opiniões’.
Fonte: @ Estadão
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