Pesquisa indica que novos bioinsumos podem não garantir independência brasileira sobre fertilizantes, segundo Instituto Senai de Tecnologia, Ministério da Agricultura e Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, com apoio da Associação Brasileira de Biofertilizantes.
Os biofertilizantes à base da bactéria têm sido uma opção cada vez mais popular entre os produtores brasileiros de gramíneas, como milho, trigo, cana-de-açúcar, arroz e pastagens. De acordo com um estudo recente, a adoção desses biofertilizantes já resultou em uma economia anual de US$ 1,8 bilhão.
Além disso, o estudo também destacou que, se 100% das áreas cultivadas com gramíneas utilizassem esses bioinsumos, a economia poderia chegar a US$ 5,1 bilhão por ano. Isso é especialmente relevante, considerando que os fertilizantes nitrogenados tradicionais podem ser caros e prejudiciais ao meio ambiente. Os inoculantes e bioestimulantes também têm sido utilizados em conjunto com os biofertilizantes para melhorar a eficiência e a sustentabilidade da produção agrícola. A adoção dessas tecnologias é fundamental para o futuro da agricultura brasileira.
Uso de Biofertilizantes no Brasil: Redução de Emissões de Carbono e Dependência Externa
A pesquisa realizada em parceria entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA), a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) e o Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras revelou que a troca de fertilizantes nitrogenados por biofertilizantes pode gerar uma redução significativa nas emissões de carbono e na dependência externa do Brasil. De acordo com o estudo, 36% da área cultivada com gramíneas no Brasil já adotou essa mudança, resultando em uma redução de 2,5 milhões de toneladas de nitrogênio e 6,6 milhões de toneladas de emissões de carbono.
A pesquisadora Luana Nascimento destacou que esses resultados são apenas para biofertilizantes à base de uma bactéria e não levam em consideração os biodefensivos e outros bioinsumos de formulações distintas. ‘Como era um estudo com foco em fertilizantes, foram usados apenas inoculantes, biofertilizantes e, em algum grau, bioestimulantes’, explicou.
Potencial de Redução de Emissões de Carbono e Consumo de Nitrogênio
A pesquisa também calculou os valores no caso de 100% da área de gramíneas fazerem a troca de nitrogênio por biofertilizantes. Considerando isso, o Brasil poderia ter uma redução de 18,4 milhões de toneladas das emissões de carbono por ano e também uma diminuição no consumo de nitrogênio de 6,9 milhões de toneladas no mesmo período.
No entanto, o estudo também analisou as patentes de novos biofertilizantes voltados para as gramíneas que foram registradas no Brasil de 2018 a 2023. Ao todo, foram patenteadas 40 tecnologias que tinham esse foco. Desse total, apenas 20% são de empresas ou grupos de brasileiros, o que pode significar um risco para os objetivos do país de se tornar menos dependente dos fertilizantes importados.
Desafios para a Dependência Externa do Brasil
Atualmente, o país importa cerca de 80% dos fertilizantes utilizados nas lavouras e o impacto de crises geopolíticas tornam isso um ponto de atenção para o Brasil. A pesquisadora Luana Nascimento destacou que ‘apesar do Brasil aparecer em segundo lugar como país de depósito, a maior parte das patentes depositadas hoje no nosso país não é de empresas ou grupos de brasileiros, o que causa algum tipo de preocupação em algum grau tendo em vista que a ideia é sair um pouco da dependência do importado e isso traz alguma questão de alerta’.
Além disso, a pesquisa observou que os microrganismos utilizados nessas patentes de novos produtos apresentam uma tendência de pluralidade maior de bactérias e fungos, além de consórcios entre microrganismos. Parte dessas novas tecnologias poderão ter um efeito ‘dois por um’, ou seja, além de reduzir as emissões de carbono e o consumo de nitrogênio, também podem melhorar a produtividade das lavouras.
Fonte: @ Estadão
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