© 2024: retrato de mulher-bibelota protagonista, feminino, mentor intelectual, ações de caridade.
Que tal uma variação bem brasileira desse retrato de Bernadette Chirac, interpretada por Catherine Deneuve, sob a direção de Léa Domenach? Uma mistura de elegância e mistério envolve a personagem, que cativa o público com sua presença marcante. Bernadette é um nome que ecoa pela trama, revelando camadas profundas de sua personalidade intrigante.
Em meio a intrigas e reviravoltas, a figura enigmática de Bernadette se destaca, trazendo à tona segredos e emoções ocultas. A atuação de Catherine Deneuve dá vida a essa personagem complexa, que desafia as convenções e surpreende a todos com sua determinação inabalável. O retrato de Bernadette é um convite à reflexão sobre o poder da interpretação e a magia do cinema.
Bernadette: A Ascensão da Mulher-Bibelota
Segue a trajetória da mulher-bibelota, Bernadette, colocada em segundo plano pelo marido, o político francês Jacques Chirac, quando ela resolve brilhar por conta própria. Chirac (Michel Vuillermoz) parece um pateta e não o político ardiloso que governou a França. Claro, o retrato é feito para mostrar o protagonismo feminino, mas será que para tal precisa fazer do homem uma caricatura de si mesmo? Não é apenas com Chirac. Os conflitos do casal com Nicolas Sarkozy (interpretado por um ator que em nada se parece com o original) são mais risíveis que críticos.
A Ascensão de Bernadette
Denys Podalydès tem um papel mais sóbrio (e por isso melhor) como o mentor intelectual da ascensão de Mme. Chirac ao estrelato. É alguém que domina os meandros do poder e sabe que hoje a política é, em boa parte, uma arte da mídia. Já era naquele tempo, anterior a redes sociais e influencers. Sabe que alçar aquela grã-fina ao gosto popular passa por ações de caridade – o modelo é a princesa Diana, morta havia pouco num acidente de carro em Paris. Quanto a Deneuve, bem, é sempre um prazer vê-la em cena. Mesmo em papeis ingratos, como este.
Bernadette: Uma Comédia Inovadora
O filme tenta, digamos, inovar, e escapar a uma biografia política mais convencional. É meio pop. Há uma espécie de coro grego que, cantando, comenta a ação. Quer dizer, é um coral, não um coro. Mas até que passa, como recurso de distanciamento, a nos lembrar que estamos no registro da farsa e da comédia. Mas o pior, talvez, seja o visual tipo ilha da fantasia, algo que lembra o de Barbie, aquele reposicionamento de marca da boneca da Mattel, sucesso global, inclusive aqui. Enfim, nada que lembre o melhor cinema político francês, além de ser uma comédia que comete o pior pecado do gênero – falha em fazer rir. Estreia esta semana.
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo