Escritor de Paraty reflete sobre carreira em adaptação para o cinema por Carlos Saldanha.
Amyr Klink acionou sua câmera para bater um papo com a equipe do Estadão diretamente de seu escritório, na cidade de Paraty. Em meio ao cenário, destacavam-se remos, livros e um clima de filme náutico.
No segundo parágrafo, o renomado navegador mencionou sua paixão por longas-metragens, revelando que se inspira em produções cinematográficas para suas aventuras. ‘Cada filme é uma fonte de motivação e aprendizado’, ressaltou Klink, enquanto folheava um livro sobre viagens ao redor do mundo.
Vida e Travessia de Amyr Klink Vai se Tornar Filme
Uma composição visual que não poderia ser mais coerente com a trajetória do escritor e navegador brasileiro: ele fez história ao atravessar o Atlântico em um barco pequeno a remo e, depois, eternizou essa jornada no livro Cem Dias Entre Céu e Mar.
Carlos Saldanha: ‘Meu Filme Mais Difícil’, Diz Diretor Brasileiro Sobre ‘Harold e o Lápis Mágico’
Agora, essa história vai ganhar outra camada e outra interpretação: Carlos Saldanha (Rio, O Touro Ferdinando) está dirigindo um longa-metragem, atualmente em produção, que irá contar os detalhes dessa travessia. Amyr será vivido por Filipe Bragança, que recentemente interpretou Sidney Magal em Meu Sangue Ferve por Você.
A ideia é recriar com detalhes como foi esse desafio – e mostrar, para quem ainda não conhece a história, a dificuldade da tarefa. O cinema gosta muito de conflitos e crises, e acho que minha experiência teve um pouco disso’, diz Amyr.
Ele revela que não quer se envolver muito com a produção, já que prefere que tenha vida própria – não à toa, ao conversar com a reportagem, revelou que estava prestes a sair em uma longa viagem para a Groenlândia e, depois, emendaria para a Islândia.
Amyr Klink: Reflexões Sobre o Passado e o Futuro nos Mares Gelados
Estou acompanhando à distância, como uma testemunha não interessada’, diz. Amyr fala sobre a expectativa com o filme, reflete sobre passado e fala do que o futuro lhe reserva pelos mares gelados – e sempre desafiadores – à frente de seu veleiro.
Em primeiro lugar, eu me sinto muito bem. Percebo que estou no lucro, porque nunca imaginei que essa travessia duraria tanto tempo em termos de impacto. Olhando para trás, sinto que tive o privilégio de viver em duas épocas diferentes: a anterior ao GPS e essa atual de hiperconectividade.
Por exemplo, amanhã estamos indo para a Groenlândia para tentar encontrar meu barco, o Paratii 2, que vendi ao governo da Suíça para uma fundação de pesquisa polar. Vamos também tentar encontrar nossa filha, Tamara, que está separada do barco por umas 200 milhas.
Ela passou dez meses e meio sozinha, enfrentando o inverno em um pequeno veleiro, mas não fico preocupado, porque sabemos onde ela está a cada minuto. Uso um aplicativo que permite localizá-la com precisão de metros. É incrível como a tecnologia evoluiu.
Ela terminou a invernagem na semana passada, o barco dela saiu do gelo, e ela conseguiu internet de alta velocidade em uma vila na Groenlândia. Ela tentou desconectar, não queria ser perturbada, mas eu a encontrei usando um aplicativo. Hoje em dia, é como um Big Brother. Achei o barco dela, sei exatamente a velocidade e a direção da proa. Isso é uma grande evolução comparado aos tempos antigos.
Na minha primeira vez na Antártica, quatro anos após a travessia, ainda usei sextante. A navegação
Fonte: @ Estadão
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