Programa de TV de ginástica aeróbica completo com premissa sci-fi sobre processo de rejuvenescimento, mas com um canalha como protagonista.
A cineasta Coralie Fargeat é conhecida por criar obras que mergulham no horror e no desconforto, sem medo de explorar temas sombrios e perturbadores. Seu estilo é marcado por uma abordagem direta e intensa, que deixa o espectador à beira do assento.
Com uma visão cinematográfica que beira o terror, Coralie Fargeat não hesita em mergulhar nas profundezas do pavor humano, criando cenas que são ao mesmo tempo perturbadoras e fascinantes. Seu objetivo é levar o espectador a experimentar o medo de forma visceral, sem recorrer a sutilezas ou eufemismos. A arte do horror é uma forma de expressão que exige coragem e ousadia. E Coralie Fargeat parece ter ambas em abundância.
O Horror da Maturidade
A Substância, o segundo longa do diretor, é um filme que não deixa espaço para ambiguidades ou hesitações. É um filme cru, violento e redundante, que não tem medo de mostrar a realidade de forma superficial. Premiado em Cannes, o filme é um reflexo do nosso tempo, um tempo em que o horror e o terror são constantes.
A história é inspirada na carreira de Demi Moore, uma deusa de beleza e sensualidade que perdeu o seu lugar no topo com o passar do tempo. A personagem Elizabeth, interpretada por uma atriz talentosa, é uma versão moderna de Demi Moore, que agora se vê lutando para manter seu emprego em um programa de TV de ginástica aeróbica. Mas o tempo é cruel, e ela logo descobre que seu chefe, Harvey, um canalha completo e oportunista, planeja demiti-la.
O Terror do Machismo
Harvey é um personagem que simboliza o conjunto do gênero masculino, um idiota completo com um ego descomunal. Ele é um animal faminto que precisa comer e devorar tudo em seu caminho, incluindo a humanidade. A câmera entra quase na boca do homem, mostrando sua grosseria e falta de modos. Ele é um personagem que nos faz sentir medo e pavor.
A premissa sci-fi do filme é inventiva, mas nunca parece verossímil. A criação de uma espécie de clone, muito mais nova que o modelo original, é um conceito interessante, mas também é um processo de rejuvenescimento que nos faz questionar a natureza da identidade e da humanidade.
O Horror do Grotesco
Quando o equilíbrio entre as duas personagens se rompe, o filme se torna uma exploração do grotesco, um teste de limites para o diretor e o público. A cada volta no parafuso, ficamos esperando e nos perguntando: depois disso, o que mais pode vir? E vem, sempre mais e mais, muito além do suportável. O filme é um horror que nos faz sentir medo e pavor, um terror que nos faz questionar a natureza da realidade.
No final, o filme desaba num final piegas, mas dotado de certa beleza, uma alusão à inevitável finitude e de como tudo é varrido como lixo. É um lembrete de que tudo é transitório, incluindo a glória, a juventude e a beleza. O filme é um horror que nos faz sentir medo e pavor, um terror que nos faz questionar a natureza da realidade.
Fonte: @ Estadão
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