Nativos digitais nascidos entre 1995 e 2010 veem a publicação de imagens como algo do passado, devido à exposição excessiva nas redes, que pode ter impacto negativo na autoestima.
A geração Z está redefinindo o modo como as pessoas interagem nas redes sociais. A era das selfies está chegando ao fim, e os jovens estão buscando novas formas de expressão online. Embora postar fotos ainda seja uma prática comum, a geração Z está começando a explorar outras formas de se conectar e compartilhar experiências.
Os adolescentes da geração Z estão cada vez mais interessados em conteúdo de vídeo e áudio, como podcasts e lives. A nova geração está procurando por formas mais autênticas de se conectar e compartilhar suas ideias e experiências. Isso pode ser visto no crescimento de plataformas como o TikTok e o Instagram Reels, que permitem que os usuários criem e compartilhem conteúdo de vídeo de forma rápida e fácil. A geração Z está liderando essa mudança e redefinindo o modo como as pessoas interagem nas redes sociais.
A Geração Z e a Aversão às Redes Sociais
A geração Z, composta por jovens nascidos entre 1995 e 2010, está desenvolvendo uma tendência interessante: a aversão a publicar fotos nas redes sociais, conhecida como ‘feed zero’. Isso é um contraste marcante com a geração anterior, os millennials, que cresceram com as redes sociais e as consideravam uma parte integral da cultura digital. As plataformas como Fotolog, Orkut, Facebook e Instagram eram fundamentais para a experiência online dos millennials.
No entanto, a geração Z parece ter uma abordagem diferente. Muitos jovens relatam sentir baixa autoestima, perfeccionismo estético, vergonha e até preguiça como justificativas para não postar nas redes sociais. Além disso, há uma aversão à superexposição, que pode ser um fator contribuinte para esse comportamento mais discreto.
A geração Z é considerada a primeira geração de ‘nativos digitais‘, ou seja, a maioria deles cresceu com as redes sociais e não precisou aprender a lidar com elas. No entanto, a presença excessiva dessas ferramentas pode estar contribuindo para um comportamento mais reservado.
A Saturação das Redes Sociais
Rafaela Paredes, uma estudante de 20 anos, não tem nenhuma publicação em seu perfil do Instagram. Ela explica que a sensação de exposição excessiva é um dos principais motivos para não postar. ‘Eu sinto que isso acaba me privando um pouco de postar, por vergonha ou receio de estar me expondo para quem que não tenho um contato íntimo’, diz ela.
Kim Garcia, gerente de estratégia e pesquisa cultural da Meta, também comentou sobre o comportamento da geração Z em entrevista à rádio americana NPR. ‘Eles têm uma aversão sobre deixar ‘pegadas digitais’. Crescer em uma era em que tudo é tão público não dá a mesma liberdade de poder ser ‘esquisito’ ou se descobrir na internet, como a geração mais velha, os millennials, tiveram. Estamos vivendo uma saturação das redes’.
Alexandre Inagaki, consultor em redes sociais, lembra que há uma maior consciência sobre o impacto negativo causado pela exposição nas redes. ‘Podemos falar desde cyberbullying até a ansiedade causada pela necessidade de validação de terceiros por meio de likes e comentários’, explica.
Problemas com Autoestima
De acordo com uma pesquisa realizada em 2023 pelo Panorama de Saúde Mental, jovens brasileiros de 10 a 24 anos apresentam baixos índices de autoestima. Na pesquisa, 78% dos entrevistados relataram ter se sentido ‘feios ou pouco atraentes’ uma vez nas duas semanas que antecederam o estudo. Desses, 73% também relataram se sentir ‘pouco inteligentes’ e ainda, 45% afirmaram que se sentem ‘pouco capazes’ de realizar atividades diárias.
Esses números são preocupantes e podem estar relacionados à exposição excessiva nas redes sociais. A geração Z está crescendo em um ambiente em que a perfeição é apresentada como o padrão, e isso pode ter um impacto negativo na autoestima dos jovens. É importante que os pais, educadores e profissionais de saúde mental estejam cientes desses problemas e trabalhem para criar um ambiente mais saudável e positivo para os jovens.
Fonte: @ Estadão
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