Avatar cativou fiéis e turistas, mas também gerou críticas da comunidade religiosa, especialmente sobre interseções entre religião e inteligência artificial em realidade imersiva.
A igreja de Lucerna, na Suíça, desenvolveu uma estratégia inovadora para aprimorar a experiência de fé dos fiéis: a inteligência artificial assume o papel do padre em um de seus confessionários, permitindo que os fiéis compartilhem suas preocupações e ansiedades em um ambiente mais descontraído. Isso abre um diálogo significativo sobre a religião e a tecnologia em um cenário global cada vez mais conectado.
Esta iniciativa destaca a capacidade da inteligência artificial em simular uma experiência humana, desafiando os limites tradicionais entre o mundo da religião e o mundo da tecnologia. A igreja de Lucerna se destaca como um pioneiro nessa área, demostrando que a inteligência artificial pode ser uma ferramenta útil não apenas para resolver problemas cotidianos, mas também para fortalecer a relação entre os seres humanos e a espiritualidade.
Desvendando os Limites da Inteligência Artificial
A inovadora instalação ‘Deus in Machina’, desenvolvida em parceria com um laboratório de pesquisa da universidade local, desafia os visitantes a interagir com um avatar de Jesus que responde a perguntas em tempo real, recorrendo à inteligência artificial. Essa iniciativa, lançada em agosto de 2024, é parte de um projeto de pesquisa sobre realidade imersiva que explora minuciosamente as interseções entre tecnologia e religião. A escolha da figura de Jesus como avatar foi produto de uma análise criteriosa, considerando-a a mais apropriada para o contexto religioso. O sistema de IA foi treinado com textos teológicos e escrituras sagradas, permitindo que o avatar de Jesus ofereça respostas relevantes a perguntas sobre fé, religião e espiritualidade. É importante notar que a igreja destaca que a instalação não se trata de uma confissão tradicional, e os visitantes são incentivados a não compartilhar informações pessoais com a IA.
A Interação com a Inteligência Artificial
Durante os dois meses de funcionamento da instalação, mais de mil pessoas interagiram com o avatar de Jesus, incluindo turistas de diversas partes do mundo e pessoas de diferentes religiões. Uma pesquisa realizada com mais de 230 usuários divulgada pelo jornal The Guardian revelou que dois terços deles consideraram a interação com a IA uma ‘experiência espiritual’. No entanto, alguns visitantes expressaram opiniões negativas, afirmando que a interação com uma máquina não substitui o contato humano e que as respostas da IA poderiam ser, em alguns casos, ‘superficiais’ e ‘repetitivas’. A iniciativa também enfrentou críticas de alguns membros da comunidade religiosa, que questionaram o uso da tecnologia para simular uma figura religiosa e o uso do confessionário para esse fim.
Desafios e Limitações
Outro desafio enfrentado pela igreja foi o risco de que a IA fornecesse respostas inadequadas ou que conflitassem com os ensinamentos da igreja. Para mitigar esse risco, a igreja realizou testes com a IA antes de sua instalação e ofereceu suporte aos visitantes durante a interação com o avatar. Essa abordagem permitiu que a igreja garantisse a qualidade das interações e minimizasse o risco de mal-entendidos ou confusões. Embora a instalação tenha sido um experimento inovador, ela também destaca a complexidade das interseções entre tecnologia e religião, e a importância de abordar essas questões com cuidado e sensibilidade.
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo