Antônio Edwaldo Dunga Costa (União Brasil) preso na Operação Ligações Perigosas por vínculos com facção em Araçatuba, SP. Defesa solicitada pelo Estadão.
O vereador Antônio Edwaldo Dunga Costa (União Brasil), um policial civil aposentado que já presidiu a Câmara de Araçatuba por cinco mandatos, forneceu ‘auxílio material’ para membros do PCC organizarem um protesto em Brasília, em oposição ao fim das ‘saidinhas’.
Essa situação levanta questões sobre a influência do PCC na política local e a relação de figuras públicas com facções criminosas. O vereador Dunga, ao se envolver com esses indivíduos, pode ter comprometido sua imagem e a confiança da população em seus representantes. É fundamental que a sociedade esteja atenta a esses vínculos.
Investigação da Facção PCC
O evento em questão foi organizado sob a ordem da cúpula do PCC. Essa informação foi divulgada pelo Ministério Público estadual, que, na sexta-feira, dia 6, liderou a Operação Ligações Perigosas com o objetivo de investigar o nível de penetração do PCC no mandato do vereador Dunga. Durante essa ofensiva, Dunga foi detido por porte ilegal de arma de fogo. O Estadão entrou em contato com o gabinete do vereador, que se mostrou aberto a manifestações. O envolvimento de Dunga com o protesto promovido pelo PCC em Brasília foi identificado quando a Polícia Civil de Araçatuba apreendeu, em maio deste ano, o celular de um faccionado conhecido como ‘Tchok’.
Grupo de Whatsapp e Protestos
No dispositivo, os investigadores descobriram um grupo de Whatsapp composto por membros do PCC e indivíduos que participaram de uma manifestação em Brasília no dia 29 de abril, que tinha como foco o fim das saidinhas, um modelo que permite a saída temporária de condenados da prisão em datas especiais para que possam estar com suas famílias. De acordo com a Promotoria, o PCC foi responsável pela organização dos protestos e disponibilizou ônibus com todas as despesas pagas para transportar manifestantes de diversas regiões de São Paulo até Brasília.
Logística da Excursão
Nos dados recuperados da Operação Ligações Perigosas, o celular de ‘Tchok’ continha diálogos sobre a organização da excursão à capital do País. As mensagens incluíam outros dois faccionados, ‘Zeus’ e ‘Neblina’, sendo que este último ficou encarregado da contratação dos ônibus que levariam os ‘soldados’ do PCC e ‘simpatizantes’ do crime organizado para o protesto. Uma mulher chamada Andrea também teria contribuído na organização da caravana, conforme a investigação. Nos diálogos recuperados, Andrea e ‘Tchok’ discutem a logística da excursão, incluindo o ponto de encontro dos ônibus. Eles mencionaram a necessidade de conseguir um isopor para armazenar bebidas e lanches durante a viagem.
Doação de Água e Ligações com Dunga
Nesse contexto, Andrea informou ao ‘cunhado’ que havia conseguido 96 copinhos de água e que apenas precisava ‘buscar’. Ela forneceu um endereço a ‘Tchok’ e mencionou que lá deveria falar com ‘Lena, mulher do Dunga’. Os investigadores descobriram que o endereço indicado por Andrea como fonte da doação de água é a sede da Associação dos Investigadores da Polícia Civil de Araçatuba, cuja presidência é ocupada pelo próprio Dunga, o vereador. Segundo a Promotoria, essa conversa sugere que realmente houve a ‘doação’ de 96 copos de água por Dunga para os organizadores da excursão. ‘Tchok’ pediu a uma terceira pessoa que buscasse a água. Em um áudio, ele disse: ‘Ô irmão, fala lá que é doação de água lá pra Salomé, pra cunhada lá, entendeu irmão, é o Dunga lá, acho que é a esposa do Dunga lá entendeu.’
Indícios de Ligação com o PCC
Para o Ministério Público, as conversas recuperadas servem como mais um indício da conexão de Dunga com o PCC, um dos principais focos de investigação da Operação Ligações Perigosas. A Promotoria observa uma ‘perigosa proximidade’ entre a facção e o vereador de Araçatuba, que está situada a 510 quilômetros da capital paulista. Os investigadores levantam suspeitas de que Dunga ‘se envolve diretamente em questões relacionadas ao crime organizado’ na região. A Promotoria acredita que há uma infiltração do PCC nas estruturas de poder local, o que torna a situação ainda mais alarmante.
Fonte: @ Estadão
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