Michele Salles, diretora de Ecossistema e Inclusão, destaca importância da autoconfiança para líderes negros em meio a vieses inconscientes.
Para executivos negros, alcançar sucesso na carreira até se tornar um executivo de destaque pode envolver lidar com ambientes de trabalho com pouca representatividade.
É fundamental que esses executivos sejam reconhecidos não apenas como profissionais talentosos, mas também como líderes e gestores capazes de promover a diversidade e a inclusão em suas organizações.
Executivo: Desafios e Oportunidades na Liderança
Nessa jornada, a sensação de solidão e a percepção de que é preciso provar constantemente o mérito em ter chegado àquela posição podem afetar significativamente a saúde mental desses profissionais. A visão é compartilhada pela diretora de Ecossistema e Inclusão da Ambev, Michele Salles, que é psicóloga e defende a perspectiva de diversidade com bem-estar emocional. Para ela, mais do que favorecer o aumento da presença de profissionais negros nos espaços de governança, é preciso haver um ambiente favorável para que eles possam desempenhar plenamente suas funções. Michele Salles é diretora de Ecossistema e Inclusão da Ambev.
O Papel do Executivo na Promoção da Diversidade
‘Há uma imagem de executivos que foi construída no nosso mercado: homens brancos. E o quanto isso está se abrangendo para que outros perfis de pessoas executivas possam estar nessas cadeiras? A pessoa negra chega, ocupa, mas como, de fato, ela estabelece relações nesse ambiente? Os nossos resultados, a nossa cultura e os nossos processos são gerados a partir dessas relações e da qualidade dessas relações’, explica. O que tem sido um entrave para que isso aconteça, segundo ela, são os chamados vieses inconscientes, um conjunto de crenças preconceituosas sobre grupos minoritários. Esses vieses não só podem provocar uma tendência de exclusão dessa pessoa das relações cotidianas de trabalho, como despertar nela a ideia de que não está apta como as demais para ocupar aquela cadeira.
Desafios e Oportunidades na Liderança Executiva
‘Quando pensamos no perfil de uma pessoa executiva, ainda temos muitos vieses’, diz Salles. ‘Se a gente chega com vieses fortes e aquilo se torna um mandatório no relacionamento e na troca, se perde a potencialidade do resultado. Por exemplo, quando uma mulher erra e quando um homem erra, há estudos que mostram que a percepção sobre o erro da mulher fica muito mais marcada. Quando isso ocorre com uma pessoa negra, a percepção talvez nem chegue na questão do erro, e sim se ela é ou não capaz.’ Segundo a especialista, a situação é ainda mais desfavorável no caso de mulheres negras. ‘Quando você é uma executiva negra, muitas vezes, você tem que entregar e provar resultados para depois ser reconhecida. Quantas outras mulheres ou quantas outras pessoas precisam, de fato, fazer isso?’, questiona.
Desafios da Liderança Executiva em Ambientes Inovadores
‘Para ter uma pessoa executiva que não é comum em relação ao perfil cristalizado, é preciso ter uma abertura para o novo. E o mercado costuma falar muito de inovação, mas é preciso inovar os nossos vieses, as nossas bases e as nossas relações, quando a gente fala de governança e ética’, complementa. Diversidade e bem-estar Quando iniciou o trabalho na Ambev em 2021, Salles ocupou a diretoria da área de Diversidade, Inclusão e Saúde Mental da América do Sul na companhia. Hoje, ela conta que, na empresa, as ações relacionadas à saúde mental deixaram de ser setorizadas em uma área e passaram a ser incorporadas de forma transversal, partindo da governança. Ela acredita que, apesar do maior acesso aos meios de bem-estar laboral atualmente, ainda não é muito comum ver companhias brasileiras.
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo