Jornalista detalha responsabilidade da família Sackler na fragmentação do sonho americano; investigação originou minissérie no streaming.
Foi por meio de uma matéria na revista Veja que o jornalista investigativo Pedro Radden Keefe revelou os obscuros negócios do Império da Dor, trazendo à tona os segredos de uma das mais poderosas dinastias do Brasil.
No segundo parágrafo, o autor mergulhou ainda mais fundo nesse universo sombrio, transformando sua investigação em um livro-reportagem que expõe a complexa teia de interesses por trás do Império da Dor, revelando detalhes chocantes sobre a influência da família Sackler no cenário nacional.
Império da Dor: A Ascensão e Queda dos Sackler
As investigações que deram origem ao livro-reportagem Império da Dor revelaram uma narrativa ainda mais extensa e intricada do que se imaginava inicialmente. A série na Netflix baseada no livro é um retrato contundente da era dourada americana, focando na trajetória ascendente e decadente de uma família que se recusou a assumir a responsabilidade pela crise de saúde pública mais complexa dos Estados Unidos.
O império dos Sackler, cuja história remonta à construção dos alicerces da América moderna, foi forjado por três médicos visionários: Arthur, Mortimer e Raymond. Ao longo de mais de seis décadas, esses irmãos e seus descendentes deixaram uma marca indelével na cidade de Nova York, rivalizando com as famílias mais poderosas da época, como os Vanderbilt, Carnegie e Rockfeller.
O acúmulo de capital dos Sackler, atualmente estimado em cerca de 10 bilhões de dólares, foi em grande parte impulsionado pelo sucesso comercial do poderoso analgésico OxyContin, lançado em 1995 pela Purdue Pharma, empresa farmacêutica controlada pela família. O uso indiscriminado desse medicamento, promovido como uma solução revolucionária para dores crônicas, desencadeou uma epidemia de vício em opioides que ceifou a vida de mais de 450 mil americanos nas últimas duas décadas e meia, conforme dados do CDC.
Apesar de sua discrição e filantropia aparente, os Sackler conquistaram reconhecimento no mundo da arte e da medicina, patrocinando instituições renomadas como o Metropolitan Museum of Art e o Louvre. No entanto, a reputação outrora imaculada da família foi manchada pela ligação com o tráfico ilegal de drogas e a disseminação desenfreada do vício em opioides.
A fotógrafa Nan Goldin emergiu como uma voz incisiva na denúncia das práticas dos Sackler, liderando protestos globais contra a família. Seu ativismo implacável foi documentado no premiado filme All The Beauty And The Bloodshed, indicado ao Oscar, que retrata a luta incansável pela justiça e responsabilização dos responsáveis pela crise de saúde pública.
O livro-reportagem Império da Dor, escrito por Patrick Keefe e publicado no Brasil pela Editora Intrínseca, se tornou um best-seller do The New York Times, oferecendo uma análise aprofundada da saga dos Sackler. Dividido em três partes – Patriarca, Dinastia e Legado – a obra revela a intrincada teia de ambição, poder e ganância que permeou a história dessa família influente e controversa.
Fonte: @ Estadão
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