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Apesar da sua ausência da Operação Contragolpe, deflagrada na terça-feira, 19, para prender um grupo de militares e um agente federal por suspeita de ligação com um plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes, o ex-presidente Jair Bolsonaro vê a Polícia Federal cada vez mais perto ao pedir autorização ao Supremo Tribunal Federal para colocar a operação nas ruas.
Quatro delegados da PF, entre eles o diretor de Inteligência, Rodrigo Morais Fernandes, e o coordenador de Contrainteligência, Elias Milhomens, indicam categoricamente passagens sobre suposto envolvimento do ex-presidente com a trama golpista na representação de 221 páginas ao STF. A PF rememora um achado da Operação Tempus Veritatis, investigação sobre um plano de golpe de Estado, desencadeada em fevereiro, e destaca que o ex-presidente Jair Bolsonaro não escapou da mira da corporação.
Investigação da PF aponta Bolsonaro como redator de minuta de golpe de Estado
A Polícia Federal (PF) identificou que o então presidente da República, Jair Bolsonaro, teria ‘redigido e ajustado’ a minuta de golpe de Estado que circulou entre seus aliados após o segundo turno das eleições presidenciais em 2022. De acordo com a investigação da PF, Bolsonaro teria mexido no decreto e reduzido bastante, fazendo algo muito mais direto, curto e limitado.
A Operação Contragolpe, que teve início a partir dos achados da Operação Tempus Veritatis, liga cronologicamente os diálogos sobre o monitoramento e plano de assassinato do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes com as ações de Bolsonaro. A PF afirma que as conversas ocorreram em dezembro de 2022, seis dias após Bolsonaro ter ‘enxugado’ o decreto e ter se reunido com o general do Comando de Operações Terrestres (Estevan Cals Theóphilo) com a finalidade de consumar o golpe de Estado.
A investigação aponta que o ministro da Defesa, general Braga Neto, recebeu em sua casa uma reunião na qual foi aprovada a ação dos ‘kids pretos’ – militares de alta performance em ações de grande impacto – na missão de prisão/execução do ministro Alexandre de Moraes. Além disso, o secretário-executivo na Presidência, general Mário Fernandes, é apontado como o autor do plano para eliminar o ministro do STF, o presidente e o vice.
A PF identificou que ele imprimiu o plano ‘Punhal Verde e Amarelo’ de uma impressora instalada no Palácio do Planalto. O ‘Punhal Verde e Amarelo’ é o plano que consistia na execução de Lula, Alckmin e Moraes. Quando o general Mário Fernandes fez as cópias do documento, Bolsonaro encontrava-se na sede do Executivo.
O então secretário-executivo do governo também imprimiu seis cópias de uma minuta de criação de um ‘gabinete de crise’ que seria instalado no caso hipotético de consumação do golpe. No dia seguinte, ele visitou Bolsonaro no Palácio do Alvorada, residência oficial do presidente. Além das coincidências entre as ações de Mário Fernandes e as visitas a Bolsonaro, a PF interceptou áudios que podem incriminar o general.
Em um deles, enviado no dia 8 de dezembro ao tenente-coronel Mauro Cid, o general relatou uma conversa com o presidente. Nessa conversa, Bolsonaro teria afirmado que ‘qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo.’ Naquele dia, Mário Fernandes esteve no Palácio da Alvorada por quarenta minutos, entre as 17h e as 17h40.
‘Mas, porra, aí na hora eu disse, pô presidente, mas o quanto antes, a gente já perdeu tantas oportunidades. E aí depois meditando aqui em casa, eu queria que, porra, de repente você passasse pra ele dois aspectos que eu levantei em relação a isso. A partir da semana que vem, eu cheguei a citar isso pra ele, das duas uma, ou os movimentos de manifestação na rua, ou eles vão esmaecer ou vão recrudescer.’
A investigação da PF aponta que Bolsonaro teria sido o principal autor da minuta de golpe de Estado, e que o plano de assassinato do ministro do STF, do presidente e do vice teria sido aprovado por seus aliados. A Operação Contragolpe é uma das principais investigações da PF sobre a tentativa de golpe de Estado, e pode levar a condenações para Bolsonaro e seus aliados.
Fonte: @ Estadão
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