Serviço Telefônico Militar (STM) é uma linha telefônica digital de seis dígitos específica para militares, disponível por meio do aplicativo de mensagens do militar.
A Polícia Federal conseguiu reunir evidências sólidas contra o major Rafael de Oliveira, um dos envolvidos na tentativa de golpe destinada ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O cenário toda vez mais sombrio impulsionou o órgão a atuar com vigor.
O golpe foi divulgado na época e ganhou uma grande atenção da opinião pública. A tentativa de golpe, como ficou conhecida, visava a prisão e execução do ministro Alexandre de Moraes. A partir de uma foto no celular do militar, a Polícia Federal conseguiu encurralar o major Rafael de Oliveira, um dos principais responsáveis pela missão golpista. A investigação revelou detalhes inquietantes sobre a estrutura do golpe e a motivação por trás dele.
Desvendando o Golpe: Militares e Dados Ilícitos
O major ‘Joe’, conhecido por sua presença nas investigações, foi flagrado em uma imagem segurando a carteira de habilitação de um indivíduo cujos dados foram utilizados para obter uma linha telefônica sem identificação. O número de telefone relacionado a essa carteira de habilitação foi usado pelo comando da operação que os militares conhecidos como ‘kids pretos’ colocaram em ação – no entanto, a ação foi abortada. O dono da carteira de habilitação era um ‘terceiro de boa-fé’ que sofreu um acidente com o carro do major um mês antes da ação clandestina contra Moraes.
O que chamou a atenção dos investigadores foi não apenas o documento, mas a impressão do indicador esquerdo do major ‘Joe’ na foto segurando a carteira de habilitação. A Polícia Federal conseguiu extrair e identificar a impressão digital do militar no plano Copa 2022 que, em última instância, previa um golpe e também o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu vice Geraldo Alckmin. A perícia recuperou a impressão digital do investigado por meio de foto, o que permitiu a identificação do militar que usara dados de outra pessoa para cadastrar um número de telefone.
O major ‘Joe’ já era um rosto conhecido entre os investigadores da tentativa de golpe gestada no governo Jair Bolsonaro. Ele foi alvo da Operação Tempus Veritatis, deflagrada em fevereiro último, ocasião na qual foi apreendido o celular do major. No aparelho, os investigadores verificaram como o militares deram coordenadas para um plano que os militares efetivamente puseram em prática contra Moraes, inclusive com uso de veículo oficial do Exército. Na esteira da Operação Tempus Veritatis, o major passou a usar tornozeleira eletrônica.
Já nesta terça-feira, 19, o major foi alvo de mandado de prisão preventiva no âmbito da Operação Contragolpe – a qual também levou à prisão o general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo do governo Bolsonaro, por envolvimento com a missão de envenenar Lula e explodir Moraes. Os dados do celular de ‘Joe’ levaram a PF a descortinar todos os detalhes do plano envolvendo um núcleo de seis militares que, no dia 15 de dezembro de 2022, saíram no encalço de Moraes. No aparelho, havia os registros, em um grupo de aplicativo de mensagens, dos detalhes da Operação ‘Copa 2022′ – uma ‘ousada sequência de ações de militares, nitidamente realizadas a partir de um planejamento minuciosamente elaborado’.
Segundo a PF, o esquema para pegar o ministro é um ‘verdadeiro capítulo no contexto de tentativa de golpe de Estado’. Para os investigadores, ele está diretamente relacionado ao plano ‘Punhal Verde Amarelo’, encontrado com o general Mário Fernandes, preso nesta terça, 19. As mensagens encontradas com o major ‘Joe’ mostram a movimentação dos ‘kids pretos’ pelas ruas de Brasília – após dias de monitoramento – na pista de Moraes. Diálogos revelam que a ação acabou abortada após um dos envolvidos compartilhar a informação de que o julgamento que era realizado no STF na ocasião, sobre o orçamento secreto, havia sido adiado.
Para operacionalizar a ação, os militares usaram telefones frios, em nome de um ‘terceiro de boa-fé’. A investigação, apesar de ter foco no golpe, também envolveu uso de aplicativo de mensagens para compartilhar informações.
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo