Entrega do aparelho de ex-assessor de Moraes alerta sobre responsabilidade por vazamentos: violência, desinformação, investigação interna.
Ao comparecer à Delegacia Regional de Polícia Civil de Franco da Rocha, na Região Metropolitana de São Paulo, em 15 de maio de 2023, para recuperar o celular que tinha sido apreendido seis dias antes em um caso de violência doméstica, o especialista Eduardo Tagliaferro precisou assinar um termo de devolução. O papel oficializa a devolução de objetos confiscados.
Além disso, o aparelho em questão passou por uma análise minuciosa antes de ser entregue ao seu legítimo proprietário. A polícia garantiu que todas as informações contidas no celular foram preservadas durante o período em que esteve sob custódia das autoridades.
Celular entregue à delegacia gera polêmica
No ofício, consta que, após a devolução, a responsabilidade pelos dados contidos no aparelho e as consequências da divulgação indevida de informações sigilosas recairiam sobre o indivíduo. Mais de um ano depois, mensagens extraídas do celular foram vazadas pela Folha de S.Paulo, revelando que servidores do gabinete do ministro Alexandre de Moraes no STF solicitaram relatórios ao perito responsável pelo combate à desinformação no TSE, fora do procedimento padrão.
Documentos relacionados à ocorrência detalham o passo a passo do manuseio do celular, que foi entregue na delegacia por Celso Luiz Oliveira, cunhado do perito, em 9 de maio de 2023. O delegado José Luiz Antunes questionou se o aparelho era o telefone institucional de Tagliaferro, que tinha dois chips e duas linhas.
Segundo o termo de declaração, na época da apreensão, o celular estava bloqueado e não havia informações sobre a senha de desbloqueio. O boletim de ocorrência registrou que o telefone foi desligado na delegacia para preservar seu conteúdo, e um lacre foi utilizado para garantir a integridade do aparelho.
No entanto, o perito afirmou que o celular foi entregue sem o lacre, o que levantou questionamentos sobre a segurança da evidência. Tanto Tagliaferro quanto seu cunhado negaram envolvimento nos vazamentos e apontaram o delegado José Luiz Antunes como responsável pela ordem de apreensão, atribuída a Alexandre de Moraes.
Uma investigação interna foi iniciada pela Polícia Civil para esclarecer o caso, que está em sigilo na Corregedoria da corporação. O delegado será intimado para prestar esclarecimentos, conforme a solicitação do Estadão através da Secretaria de Segurança Pública.
Fonte: @ Estadão
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