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Operação Decurio bloqueou R$ 8,1 bi em bens, prisão de acusado do núcleo político, esquema de lavagem, medidas restritivas e proibição de candidatos eleitos.
O Primeiro Comando da Capital (PCC) está sendo monitorado por autoridades por tentar interferir nas eleições municipais de 2024, com suspeitas de lançar candidatos para os cargos em disputa. As investigações, realizadas durante a Operação Decurio, revelaram indícios de ação do grupo criminoso nesse cenário político.
As eleições locais de 2024 estão sob escrutínio devido às possíveis interferências do Primeiro Comando da Capital (PCC), que estaria planejando participar do pleito municipal com candidatos próprios. A Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes, da Polícia Civil de São Paulo, deflagrou a operação para investigar e coibir possíveis irregularidades nas votações municipais, visando garantir a lisura do processo eleitoral.
Eleições municipais de 2024: Operação Decurio revela núcleo político liderado por João Gabriel de Mello Yamawaki
O chamado ‘núcleo político’ seria liderado por João Gabriel de Mello Yamawaki, um dos responsáveis por um dos maiores esquemas de lavagem de dinheiro da facção. Ele teve a prisão decretada. A Delegacia seccional de Mogi das cruzes foi a responsável pela Operação Decurio.
Dois candidatos a vereador – um pelo União Brasil, em Mogi das Cruzes, e outro pelo PSD, em Santo André – foram alvo da Operação. A Justiça decretou contra eles medidas restritivas de direito: eles foram proibidos de se ausentar das comarcas e devem se recolher em casa no período noturno, além de terem sido proibidos pela Justiça de exercer cargo, emprego ou função pública ou mandato eletivo.
Procurados, o PSD e o União Brasil não se manifestaram. Apontado pelo delegado Fabrício Intelizano como articulador do grupo, Yamawaki seria um dos interlocutores de Fabiana Lopes Manzini, companheira de Anderson Manzini, um integrante do PCC preso na Penitenciária de Avaré. Manzini é primo de Yamawaki e integrante do grupo liderado pelo sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho.
Segundo as investigações da Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes, Fabiana era responsável pela transmissão de ordens dos integrantes da organização presos para os que estão em liberdade. Os policiais descobriram que ele e outros três acusados seriam responsáveis por gerenciar o esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas da facção e movimentar recursos ilícitos em suas contas bancárias, de onde viriam os recursos para investir na eleição. João Gabriel é um dos 20 acusados que teve a prisão temporária decretada pela Justiça.
Condenações contra Andinho somam mais de 600 anos por sequestros, homicídios e roubos. Além dele, os policiais identificaram outros três acusados de pertencer ao núcleo político. Um dos casos é o de Kelly Cristine Pereira de Oliveira, apontada como companheira de Márcio Barbosa da Silva, o Beiço de Mula, uma das lideranças do PCC no ABCD.
O Estadão não conseguiu localizar os defensores de Fabiana, de Manzini, de Kelly Cristina e de Beiço de Mula. Kelly é funcionária comissionada da Prefeitura de São Bernardo do Campo, exercendo cargo de diretora na Secretaria de Obras, indicando uma possível ou provável influência nefasta do PCC em prefeituras e câmaras de vereadores do ABC. De acordo com as investigações, Beiço de Mula teria recebido em suas contas a quantia de R$ 1.014.648,00.
Os investigadores identificaram ainda Marie Sassaki Obam, como uma possível candidata a vereadora em Mogi das Cruzes ‘que seria apoiada pela facção’. Marie consta na ata da convenção do União Brasil da cidade como candidata a vereadora na cidade. Ao longo da investigação ficou confirmado que têm um relacionamento estável com João Gabriel e reside com o mesmo e com seus filhos em um condomínio de luxo em Mogi das Cruzes.
Fonte: @ Estadão
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