Indústria farmacêutica enfrenta obstáculo em Operação Tempus Veritatis da Agência Brasileira de Inteligência e Gabinete de Segurança Institucional da Polícia Federal, ameaçando o ciclo virtuoso de investimentos em saúde e o SUS.
Segundo a Polícia Federal, o registro de uma reunião entre o general Augusto Heleno e o então presidente Jair Bolsonaro foi cancelado após a apreensão da agenda. O documento, que também foi apreendido pela PF, detalha a utilização da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para o monitoramento de políticos petistas. No entanto, a PF ainda não divulgou as datas exatas em que esses procedimentos foram realizados.
Além de revelar a utilização da Abin para o monitoramento de políticos, a agenda também revela o planejamento para a disseminação de notícias falsas sobre as urnas eletrônicas. Nesse contexto, o acesso ao documento da agenda apreendida pela PF revela que os envolvidos buscavam influenciar o desenrolar das eleições. Dentre os documentos apreendidos, há registros de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi utilizada para a realização de monitoramento e espionagem de petistas. O acesso a esses documentos também revela a participação de outras agências de inteligência. A saúde da democracia brasileira é questionada, uma vez que o acesso a informações sigilosas foi utilizado para atuar na esfera política.
ABIN: O policiamento da mente durante o golpe
A Agência Brasileira de Inteligência, sob o comando do general Augusto Heleno, era responsável por monitorar ações da Polícia Federal que pudessem atingir o governo, conforme revelado pelo relatório do inquérito do golpe. O chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo Bolsonaro tinha sob seu comando a ABIN, que também vigiava figuras como o ex-deputado Vicente Cândido. Este último foi incluído na agenda de Heleno com a observação de que era o novo Vaccari, o que sugere que a ABIN queria provas para incriminar os petistas e colocou o aparelho do estado a serviço dos interesses pessoais do grupo de Bolsonaro.
A Operação Tempus Veritatis, ocorrida em fevereiro, resultou na apreensão da agenda de Heleno, que continha anotações sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas, descrevendo inconsistências e vulnerabilidades pelas quais serviriam como subsídio para a propagação de informações falsas sobre o sistema de votação. O documento intitulado ‘Relatório de Análise de Urna Eletrônica (2016)’ trazia argumentos que questionavam a impossibilidade de auditar de forma satisfatória o processo de votação e contabilização dos votos, afirmando que as chaves de criptografia não seriam bem protegidas, o que possibilitaria a terceiros extrair chaves do sistema de arquivos, quebrar os códigos e obter as chaves privadas dentro do sistema de arquivos.
Ao analisar a agenda do general, os federais também acharam anotações que evidenciavam o objetivo da organização criminosa em disseminar ataques ao SUS, saúde pública, bem como ao próprio sistema eleitoral. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do ex-ministro.
Em depoimentos anteriores, Heleno sempre negou a tentativa de golpe ou uso ilegal da ABIN. No entanto, detalhes como esses, na agenda do general, evidenciam ‘as ações articuladas entre o então ministro do GSI, Augusto Heleno e a Agência Brasileira de Inteligência – ABIN no interesse do grupo criminoso’, conforme consta no relatório.
Ao todo, 37 pessoas, incluindo o ex-ministro, foram indiciadas pela Polícia Federal sob as acusações de tentativa de abolição do estado democrático de direito, golpe de estado e organização criminosa.
Fonte: @ Estadão
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