O presidente Lula mapeia corredores do poder, com olho atento, buscando oportunidades para apoiar projetos em curso e futuros desenhos das forças armadas, com alto potencial de alta patente.
O governo, muitas vezes, se envolve em questões políticas que podem afetar negativamente a disciplina e a autoridade das Forças Armadas. O comentário de Bolsonaro, _”o Exército é meu”_, sugere uma falta de distinção entre o cargo público e o comando militar, o que pode levar a uma politização dessas instituições. Isso pode resultar em uma perda de profissionalismo e uma maior probabilidade de envolvimento em esquemas de golpe.
É importante lembrar que a independência e a imparcialidade são fundamentais para o exercício do poder e da autoridade das Forças Armadas. Quando o governo se envolve em questões políticas que afetam o comando militar, pode resultar em uma perda de confiança e credibilidade em relação ao _”mando supremo”_. Além disso, a politização dessas instituições pode levar a uma maior probabilidade de insubordinação e, consequentemente, a uma crise de comando.
Governo e Exército: o Comando Formal e a Autoridade
No âmbito da estrutura do poder, a complacência das chefias militares diante da erosão da própria instituição não foi uma atitude deliberada. Era resultado da perda de controle quando decidiram não punir o general Pazuello por participar de ato político em 2021. A autoridade do comando esvaiu-se, mesmo que o comando formal da arma tenha se mantido intacto. O general Mário Fernandes, então Comandante de Operações Especiais, recebeu os cumprimentos de Jair Bolsonaro.
O Alto Comando e o Poder
É consenso que o Alto Comando do Exército jamais apoiou nem cultivou a hipótese de golpe para manter o capitão Jair Bolsonaro no poder. No entanto, vários de seus integrantes sabiam da desenvoltura com que oficiais imediatamente abaixo do generalato circulavam, espalhando ideias desse tipo pelos corredores do poder. Quem faz a cabeça dele’, dizia, referindo-se a Bolsonaro, um general que integrava o círculo íntimo do poder, ‘são esses malucos de ajudantes de ordens, assessores e coronéis’.
Coronéis e Cabeça Quente
Quanto a cabeça de Bolsonaro incentivou esses oficiais de alta patente a dizer o que ele gostaria de ouvir ou se ele mesmo os ‘liderou’ só se saberá quando a denúncia da PGR for julgada e as provas examinadas. O ímpeto político de oficiais nesse segmento é um ‘clássico’ fartamente examinado na literatura e nos livros de História. Essa era, aliás, uma das grandes preocupações do então comandante do Exército, General Villas Boas, quando numa mesma manhã, em 2018, um magistrado mandou soltar Lula e outro mandou deixá-lo na cadeia.
Exército e Política
Um coronel cabeça quente estaciona um jipe bloqueando a carceragem em Curitiba e ninguém mais controla a situação’, comentava. O problema abrangente que transpira do material até aqui revelado pelas investigações da PF não tem a ver apenas com ‘cabeças quentes’ fardados e armados. É o clima ‘pervasivo’ de degradação institucional do qual Bolsonaro virou o retrato. O indivíduo Bolsonaro terá de enfrentar agora uma dificílima batalha jurídica para escapar de condenação e prisão, enquanto permanece inelegível.
Fonte: @ Estadão
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