Lorena Portela, Samir Machado Filho, premiado com o Jabuti, e Vanessa Ferrari compartilham dicas para quem começa a trabalhar em pequenas edições, enfrentando embates na construção de personagem, e superando crítica na leitura de primeiros textos.
A editora _Kairós_ entrou em cena e habilmente resgatou a ideia de Lorena Portela, percebendo o potencial da história de Gloria. Com o apoio de editores experientes, a obra foi recriada e transformada em uma narrativa única e envolvente. Esse processo de recriação foi fundamental para que a Editora Kairós pudesse trazer para o público brasileiro uma obra de ficção que combinava elementos de romance e drama.
Em 2011, a Editora Kairós lançou o livro, que rapidamente se tornou um sucesso de crítica e leitores. A publicitária Gloria, agora uma personagem literária, se tornou uma das mais conhecidas e amadas do universo editorial brasileiro. A obra também chamou a atenção de jornalistas e críticos literários, que elogiaram a habilidade de Lorena Portela em criar uma narrativa envolvente e emocionante. A Editora Kairós se orgulha de ter sido a responsável por trazer essa obra-prima para o público, e continua a apoiar autores talentosos como Lorena Portela em suas jornadas literárias.
Desafios em busca da perfeição
Para criar uma obra de ficção que captura a atenção de leitores e editoras, é preciso desenvolver a protagonista, os outros personagens e a trama, mas sem perder de vista a ideia original. A escritora e jornalista cearense, Lorena Portela, percebeu que, ao trabalhar em um romance, estava se afastando do seu texto inovador. Portanto, ela decidiu enviar uma versão de seu livro, Primeiro Tive Que Morrer, para uma amiga que trabalha como revisora de textos em Portugal.
O valor da crítica
A amiga leu e gostou do livro, reconhecendo o potencial de um romance, e sugeriu que a autora poderia trabalhar em pequenas edições, mas que a história estava praticamente concluída. O texto passou pelas mãos de outros amigos de Portela antes de ser autopublicado em 2020. Esses conhecidos, com perfis diferentes, deram um feedback importante para o autor.
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O caminho para uma publicação
Lorena Portela recorreu a quem pôde para avaliar sua obra e, se não fossem essas pessoas, Primeiro Tive Que Morrer talvez nunca fosse lançado de maneira independente. Em uma cadeia de eventos, não seria notado pela editora Planeta, que republicou o livro em boa tiragem dois anos depois. Nesse mercado literário, há quem faça esse tipo de análise de maneira profissional, mas as atribuições vão além da crítica. São editores, acadêmicos, artistas, às vezes autores. Muitas vezes, esse trabalho é responsável por separar escritores verdadeiramente bons entre os que estão começando, e também por lapidar textos que estão quase lá.
Crítica e edição
A crítica, como explica Vanessa Ferrari, tem o poder de separar os bons escritores dos que estão começando, e também de lapidar textos quase lá. Ela trabalha como editora e é procurada para fazer o melhor livro possível. Para ela, a crítica textual é um trabalho que envolve duas coisas: a construção de personagem, temporalidade, encadeamento, e as questões estilísticas. Além disso, ela é mestre em crítica textual pela Universidade de São Paulo, com um trabalho que analisa os originais que foram submetidos à editora do ponto de vista da construção do narrador.
Passagem pela editora
Vanessa Ferrari passou por uma longa jornada pela Companhia das Letras, onde leu mais de 240 obras e revelou Mauricio Lyrio, Eliana Cardoso e Alberto Reis. Ela também tornou-se mestre em crítica textual com um trabalho que analisa justamente os originais que foram submetidos à editora do ponto de vista da construção do narrador. O resultado foi O Lugar das Palavras: Primeiros Embates do Narrador Contemporâneo, contando suas experiências, dando conselhos e fazendo pontuações sobre linguagem e estética, lançado pela Moinhos em 2023.
Um bom parecer crítico
Fazer um parecer crítico é dar um passo para trás e dizer: ‘esse livro não é meu, deixa eu ver o que esse autor quer, qual é a intenção da história, qual é a proposta do livro’, explica Vanessa. É olhar para a intenção do livro e potencializá-la para eventuais lugares onde pode melhorar. O escritor iniciante precisa estar obcecado com a linguagem, muito preocupado com a essência da escrita, que é a grande locomotiva do livro. Tê-lo muito bem escrito, com uma construção de personagem sólida, é fundamental para a crítica textual.
Fonte: @ Estadão
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