O Orçamento de 2025 gera desconfiança com cortes e expectativas baixas, em meio a turbulências e incertezas.
Considerando tudo o que aconteceu desde que o governo encaminhou, em agosto de 2023, a sua proposta de Orçamento deste ano, é cada vez mais evidente a preocupação de diversos analistas de que o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025 possa se tornar uma mera peça de ficção, a ser apresentada até o próximo dia 31. Se essa perspectiva se concretizar e a proposta orçamentária de 2025 de fato carecer de credibilidade ao se tornar pública, será que enfrentaremos uma nova instabilidade nos preços dos ativos brasileiros?
Apesar desse cenário, é possível que um PLOA com receitas excessivamente superestimadas e despesas subestimadas não gere tantos impactos como observado na proposta apresentada no ano passado para 2024. Isso porque o mercado já está com expectativas bastante reduzidas em relação à confiabilidade dos números que o governo deverá incluir na proposta orçamentária de 2025. A transparência e a precisão nos dados pedidas pelos investidores podem ser essenciais para evitar turbulências e garantir a estabilidade econômica.
Desafios do Orçamento em Meio à Turbulência Econômica
Em meio à expectativa de um ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos, que promete impactar a liquidez global, os investidores brasileiros se veem diante de um cenário de incertezas. O sentimento de animação com o panorama externo é contrastado pela realidade do arcabouço fiscal nacional, que aponta para a necessidade de cortes de gastos significativos.
A proposta orçamentária para 2025 é aguardada com cautela, dada a experiência recente com o PLOA de 2024. A expectativa é que a proposta seja recebida com ceticismo, uma vez que os analistas enxergam paralelos entre os dois documentos. Os desafios enfrentados com as projeções de receitas e despesas em 2024 deixaram marcas, com falhas evidentes que se acumularam ao longo do tempo.
No que diz respeito às receitas, a projeção de arrecadação com o voto de qualidade do Carf foi um dos pontos de destaque. Inicialmente estimado em R$ 55 bilhões para o ano, até maio não houve entrada de recursos. A expectativa agora é mais modesta, com previsão de apenas R$ 10 bilhões até o final do período. Outro exemplo é a receita prevista (R$ 35 bilhões) com a renovação de concessões de ferrovias, que até o momento gerou apenas R$ 170 milhões provenientes de um único acordo.
No que tange às despesas, o governo já teve que revisar para cima em quase R$ 15 bilhões a projeção de gastos com a Previdência no Orçamento de 2024. Outras revisões são esperadas até o encerramento do ano, seguindo o padrão observado no PLOA anterior.
Diante desse cenário de incertezas e turbulências, a proposta orçamentária para 2025 enfrenta o desafio de se tornar mais do que uma mera carta de intenções. A necessidade de ajustes estruturais nos gastos do governo é evidente, e a expectativa é de que a realidade financeira do país seja refletida de forma mais precisa no documento a ser apresentado.
Fonte: @ Estadão
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