Mark Coeckelbergh, especialista em ética e IA, discute desenvolvimento rápido, regulação e decisão democrática, considerando custos ambientais e diferentes pontos de vista.
A inteligência artificial está revolucionando o mundo a passos largos, especialmente após o surgimento do ChatGPT. Essa tecnologia tem o potencial de transformar a forma como vivemos e trabalhamos, mas é fundamental que seu desenvolvimento seja guiado por princípios éticos e priorize o bem-estar da sociedade.
No entanto, a corrida pela inovação e a busca por vantagens competitivas podem levar as empresas de tecnologia a negligenciar a responsabilidade social e ética. É essencial que as gigantes da tecnologia de ponta priorizem a criação de soluções que beneficiem a humanidade como um todo, em vez de apenas buscar lucros. A inteligência artificial pode ser uma ferramenta poderosa para o progresso, mas é nossa responsabilidade garantir que ela seja usada de forma responsável e ética. A tecnologia deve servir à humanidade, não o contrário.
A Inteligência Artificial e a Ética: Uma Conversa com Mark Coeckelbergh
Mark Coeckelbergh, um filósofo belga e um dos principais pensadores em Inteligência Artificial (IA) atualmente, compartilha suas opiniões sobre a ética na IA. Como professor de Filosofia da Mídia e Tecnologia da Universidade de Viena, na Áustria, Coeckelbergh foi um dos especialistas que ajudou a formular a regulação de IA na União Europeia, uma das primeiras do tipo no mundo e inspiração para o debate brasileiro.
A preocupação mais urgente de Coeckelbergh é o acúmulo de poderes de grandes empresas de tecnologia e a falta de decisão democrática sobre IA. Além disso, ele destaca a importância de considerar os custos ambientais da IA, um tema que precisa de mais atenção. A regulação da IA é fundamental, e Coeckelbergh acredita que as empresas devem tomar iniciativas, mas que não é suficiente. É necessário que os governos entrem no assunto e criem políticas robustas para regular a IA.
A Tecnologia de Ponta e a Regulação da IA
A forma como a regulação da IA está sendo feita no momento é bastante tecnocrática, com especialistas aconselhando governos, mas a regulamentação sendo feita fora dos fóruns usuais e democráticos. Coeckelbergh defende que é necessário envolver mais pessoas na realização de uma regulação para a IA. A IA pode ter uma grande influência no processo democrático, causando desinformação, polarização e fragmentação de um cenário, o que pode prejudicar a democracia.
A IA pode criar uma esfera que está pronta para abordagens mais autoritárias, e é fundamental ter uma base de conhecimento comum para que a democracia possa funcionar. Coeckelbergh acredita que ainda é possível desenvolver IAs com princípios éticos, mas é necessário ter uma visão diferente da IA, conectada com os humanos. A velocidade da tecnologia é rápida, mas a velocidade da ética pode ser mais lenta, e é necessário encontrar um equilíbrio entre as duas.
A Inovação e a Ética na IA
O livro de Coeckelbergh sobre Ética na IA foi lançado antes do ChatGPT e o ‘boom’ da IA generativa. Se ele tivesse que fazer um novo livro, ele incluiria mais sobre a IA generativa e a importância da regulação da IA. A IA é uma tecnologia de ponta que pode trazer muitos benefícios, mas também pode ter consequências negativas se não for regulada de forma adequada. É fundamental ter uma abordagem ética e democrática para a IA, envolvendo mais pessoas e considerando os custos ambientais e sociais da tecnologia.
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo