Obra de arte já ganhou mais de uma dezena de personagens em cinema desde 1917 e agora conta uma história de amor com ódio, intrigas e vingança.
Desde sua criação literária por Alexandre Dumas em 1844, O Conde de Monte Cristo se tornou um clássico do gênero aventura, refletindo a personalidade complexa do personagem Edmond Dantès.
Um dos motivos pelos quais o livro se mantém tão relevante ao longo dos anos é a sua capacidade de entender a psicologia humana, permitindo que o público se conecte com a jornada de O Conde de Monte Cristo de maneira profunda. O Conde é um personagem fascinante, conhecido por sua inteligência estratégica e seu poder de reconstruir sua vida, demonstrando a resiliência humana em um cenário de vingança. Com o passar dos anos, as adaptações ao livro, incluindo filmes e séries, têm buscado transpor sua essência para diferentes mídias, desde o seriado francês de 1917 até a releitura francesa de 2024, que estreia esta quinta-feira, 5, em um esforço constante para manter a imagem de Edmond Dantès ao vivo no coração do público.
O Mundo Fascinante do Conde
O cinema de hoje busca inovar ao absorver e reinterpretar conceitos icônicos de sempre, como é o caso da obra-prima de Alexandre Dumas, O Conde de Monte Cristo. A dupla Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte, também responsáveis pelo brilhante Qual É o Nome do Bebê, entendeu perfeitamente o desafio de mesclar fidelidade ao original com modernidade, e alcançou com sucesso. Pois, vamos lembrar, a saga de Edmond Dantès, transformado no lendário Conde de Monte Cristo, não apenas é uma das principais obras de Alexandre Dumas, ao lado de Os Três Mosqueteiros, mas também uma espécie de ‘bíblia’ sobre histórias que envolvem vingança. E vingança, afinal, é o que define a jornada de Edmond Dantès, que leva por todos os estágios do medo, do sofrimento, do ressurgimento e, finalmente, da raiva cega que se torna uma obsessão. Vingança, amor e intrigas palacianas em ‘O Conde de Monte Cristo’
Neste novo filme, o histórico personagem do Conde é interpretado por Pierre Niney (de Yves Saint Laurent e Frantz). Logo após ser coroado como capitão de um navio, decide se casar com sua amada Mercedes. Mas, nessa ascensão meteórica, ganha inimigos no caminho e se torna alvo de um complô. É preso por décadas, deixando familiares e a noiva para trás, como se tivesse morrido. Seu apoteótico retorno é marcado por uma mudança não apenas financeira, mas também de aparência. Edmond, agora Conde de Monte Cristo, não quer que as pessoas saibam com quem está lidando. Quer ser invisível, agindo nas sombras e arquitetando a vingança. O Conde de Monte Cristo: uma viagem fascinante pela arte de vingança.
La Patellière e Delaporte, a partir dessa história, assumem um risco: buscar a maior fidelidade possível à trama de Dumas enquanto também modernizam personagens e até tentam remendar algumas situações mais frágeis do texto original, fruto dessa publicação em formato de folhetim. Furos de roteiro muito evidentes da adaptação de 2002, por exemplo, sumem aqui, a partir de um roteiro bem mais atento com seus pontos fracos. Por exemplo, a relação entre Edmond com o Conde Mondego se transforma – deixa aquele distanciamento da obra de 1934 de lado enquanto, ao mesmo tempo, também não embarca na furada de colocá-los como melhores amigos, como visto na versão de 2002. O Conde de Monte Cristo se transforma em uma jornada emocionante de vingança e amor.
O comportamento de Mercedes também muda: ela se casa com o inimigo de Edmond não por estar grávida ou pelo pedido de uma moribunda, mas por simples necessidade. São pequenas alterações que parecem cosméticas em um primeiro momento, mas que ajudam a trama a ter mais força. A jornada de Edmond se torna mais crível, e as situações mais elaboradas, como o momento em que ele se passa por um suposto inimigo do Conde de Monte Cristo, passam a ter mais apoio nas mudanças físicas do personagem do que apenas apostar na postura e em uma barba que surge do nada. Há mais cuidado. Cenários, cores e fotografia trabalham à favor da história, criando uma atmosfera única e envolvente.
Tudo isso, ainda, com um visual de encher os olhos. Há bons jogos com luzes e sombras (a primeira aparição do Abade é genial, por exemplo, brincando com sonho e realidade) e os cenários são austeros, mas sempre com um pé na realidade. Nesse contexto geral, enfim, O Conde de Monte Cristo deixa de ser apenas uma história de vingança, como visto em outras adaptações. Ele se torna uma jornada emocionante, cheia de personagens fascinantes, como o histórico Conde de Monte Cristo e Edmond Dantès, e cheia de aventuras.
Fonte: @ Estadão
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