Antes de Taylor Swift, Pink Floyd e Led Zeppelin lançavam músicas longas. Faixas curtas são comuns no pop, mas qualidade não é garantida.
Ah, o mundo incrível da música! De Taylor Swift a Katy Perry, passando por João Gilberto e Pink Floyd, a arte dos longas musicais tem o poder de nos transportar para diferentes universos sonoros. As capas de álbuns de artistas renomados como David Bowie e The Ramones nos convidam a explorar cada faixa e mergulhar em suas melodias envolventes.
Em uma jornada extensa e prolongada pelas notas e ritmos, cada canção nos leva a um lugar único, onde a música se torna a trilha sonora de nossas vidas. Que tal se perder em uma longa melodia e deixar-se envolver pela magia dos acordes e letras que ecoam em nossa alma?
Música Longa: Uma Nova Tendência no Universo Pop
De repente, em questão de segundos, uma afirmação qualquer, seja ela vinda de quem for, é encarada como verdade absoluta. Uma dessas frases de impacto me chegou uma semana atrás. Uma ardorosa fã de Taylor Swift – aliás, existe admirador da cantora americana que não seja ardoroso? – comemorou o fato dela ter lançado uma canção com mais de dez minutos de duração. ‘Só Taylor para ter essa ideia’, sapecou a tiete, como se tratasse de um feito inédito na história do showbiz.
All Too Well, a tal faixa, nem é tão nova assim. Foi lançada no disco Red, de 2012, e tinha modestos 5min29. Mas desde que brigou com o empresário Scooter Braun, que comprou a antiga gravadora de Taylor por USD 300 milhões (sendo, portanto, dono dos seis discos que ela lançou pela companhia), a popstar optou por regravar e atualizar seu antigo material. Red (Taylor’s Version) foi colocado nas plataformas de streaming três anos atrás.
No mesmo período, ela criou, escreveu, dirigiu e estrelou um curta-metragem baseado na melodia de All Too Well. A história fala do relacionamento de uma jovem com um homem mais velho. Como em tudo que se trata de Taylor Swift, a trama é baseada em sua própria vida amorosa. E como em tudo que se trata de Taylor Swift, o sujeito que destrói seu coração é famoso (bocas de Matilde dizem se tratar do ator Jake Gyllenhaal, mas ele negou veementemente essa acusação).
Embora o empreendimento de Taylor seja louvável, ele não chega a ser inédito. É claro que vamos focar apenas no universo pop, visto que no mundo erudito a sinfonia mais curta do austríaco Anton Bruckner (1824-1896) tem 1h30min de duração e Sleep (Sono), do inglês Max Richter, demora oito horas para ser executada na íntegra.
No entanto, muitos rebentos do universo pop quebraram a ditadura das canções perfeitas para gerar danças e memes do TikTok. Um deles, por exemplo, foi Justin Timberlake. Mirrors, canção do disco The 20/20 Experience, de 2021 (portanto, quase no mesmo período do lançamento da superstar americana), é composta por 8min4s de declarações de amor à sua mulher, a atriz Jessica Biel. No universo do rock, então, nem se fala.
Há espaço de sobra para experimentação, que inclui faixas estendidas ao máximo. Uma das minhas prediletas é Station to Station, a faixa-título do álbum que David Bowie lançou em 1976, e que tem 10min17s. Ali, ele explora musicalmente a disco music e o rock experimental alemão e apresenta um de seus mais nefastos personagens – The Thin White Duke (o Mago Duque Branco, em português), um viciado em aditivos químicos que tinha inclinações nazistas.
Já Fool’s Gold, do quarteto inglês Stone Roses, é um convite à dança contendo 9min54s, que abriu caminhos para o britpop, como foi chamado o rock inglês dos anos 1990 e trazia Oasis e Blur como principais representantes. Surgido na virada dos anos 1960 para os 1970, o rock progressivo foi um terreno fértil para alquimias sonoras.
Echoes, que o Pink Floyd lançou no disco Meddle, de 1971, é praticamente uma mini-sinfonia, com diversas reviravoltas e mudanças de ritmo ao longo de seus 23 minutos de duração. A música longa parece ter encontrado seu lugar no coração dos artistas pop, desafiando as convenções e permitindo uma exploração mais profunda da melodia e da narrativa musical.
Fonte: @ Estadão
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