Executivo delata conivência de construtoras com venda de imóveis a líderes de facção. Porte Engenharia colaborará com investigações. Governo apura desvios de conduta.
O Ministério Público Estadual (MPE) está realizando uma investigação sobre uma das principais construtoras de São Paulo, a Porte Engenharia e Urbanismo, devido à suspeita de ter comercializado mais de uma dezena de propriedades para membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) na área do Tatuapé, localizada na zona leste da metrópole.
Em meio à apuração dos fatos, o MPE busca esclarecer se houve envolvimento direto da construtora com o tráfico de drogas, promovendo um inquérito minucioso para desvendar as possíveis conexões ilícitas entre a empresa e os criminosos do PCC.
Investigação sobre Lavagem de Dinheiro na Construtora São Lourenço
Segundo apuração feita por um ex-funcionário da empresa, executivos da Construtora São Lourenço receberam pagamento de imóveis em dinheiro em espécie e tinham conhecimento de registros de bens em que o nome do verdadeiro proprietário ficava oculto. A averiguação revelou que os envolvidos também teriam lavado dinheiro adquirindo casas na Riviera de São Lourenço, litoral norte do Estado. Além disso, estão sob suspeita de pagar propinas milionárias a policiais civis.
Detalhes da Investigação
A investigação sobre lavagem de dinheiro está na 1.ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital e é conduzida por seis promotores do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPE. É nela que está o acordo de delação premiada fechado pelo empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach e homologado pela Justiça em abril. A averiguação revelou que o empresário, ex-funcionário da Construtora São Lourenço, tomou conhecimento de mais 10 imóveis que foram vendidos pela empresa em favor da organização criminosa.
Novas Revelações da Delação
Gritzbach entregou documentos sobre quatro empreendimentos da construtora no Tatuapé, região onde a cúpula do PCC tem comprado imóveis e levado uma vida de luxo. O delator afirmou que conheceu os integrantes da facção no âmbito do ambiente de trabalho da empresa. Ele revelou que os imóveis pertenciam a Anselmo Bechelli Santa Fausta, conhecido como Magrelo ou Cara Preta, um dos principais traficantes do PCC.
Detalhes Chocantes da Delação
Santa Fausta foi assassinado em 27 de dezembro de 2021 em uma emboscada no Tatuapé. Em apenas 9 meses de 2020, ele movimentou R$ 160 milhões em contas bancárias, segundo relatório de inteligência financeira do Coaf. A direção da UPBUs negou ter lavado dinheiro do PCC. Em outro empreendimento da Construtora São Lourenço, o mesmo corretor teria vendido uma unidade que foi registrada em nome da mulher do corretor, conforme a delação.
Desdobramentos da Investigação
O traficante Cara Preta teria adquirido um apartamento por R$ 15 milhões em nome de Ademir Pereira de Andrade. O valor em espécie foi entregue na sede da empresa, conforme afirmou o delator. Segundo Gritzbach, outro cliente envolvido com a UPBus é o advogado Ahmed Hassan Saleh, o Mude, investigado na Operação Fim da Linha. A Construtora São Lourenço afirmou que não teve conhecimento do documento da delação e que, se forem demandados pelas autoridades, vão contribuir. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que qualquer desvio de conduta será apurado rigorosamente.
Fonte: @ Estadão
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