Uma cantora de vida de glória tem um mordomo, chofer e camareira.
A vida de Maria Callas é um tema que sempre fascinou os amantes da ópera e da arte em geral. Com sua voz poderosa e sua presença no palco, ela se tornou uma lenda em vida, uma verdadeira diva da música clássica. Agora, o diretor Pablo Larraín se inspirou nessa figura icônica para completar sua trilogia de mulheres poderosas e trágicas, que começou com as histórias de Jacqueline Kennedy (Jackie) e a princesa Diana (Spencer).
Com Maria Callas, Larraín busca capturar a essência da artista que se tornou sinônimo de ópera. A vida de Callas foi marcada por altos e baixos, desde o sucesso estrondoso em palcos de todo o mundo até as lutas pessoais e profissionais que a acompanharam ao longo da carreira. A sua voz era um instrumento de beleza e poder, capaz de emocionar e inspirar milhões de pessoas. Mas, por trás da cortina, Callas lutava contra os próprios demônios, uma batalha que a acompanharia até o fim da vida. Larraín busca contar essa história de forma autêntica e emocionante, mostrando a complexidade e a profundidade da personalidade de Maria Callas.
A Vida de Maria Callas: Uma Diva em Declínio
Maria Callas, a renomada cantora lírica, vive seus últimos dias em um enorme apartamento em Paris, cercada apenas pelo mordomo e chofer, Pierfrancesco Favino, e pela camareira, Alba Rohrwacher. Nascida em Nova York em 1923, mas profundamente grega, Callas é uma figura trágica que perdeu a voz e tenta recuperá-la para uma última tentativa de retorno aos palcos. No entanto, sua saúde está em declínio, e ela se vê obrigada a recorrer a barbitúricos para dormir e se manter acordada, uma combinação perigosa para o coração.
A vida de Callas é marcada pela dor e pela solidão. Ela nunca se recuperou do abandono pelo magnata grego Aristóteles Onassis, que a deixou por Jacqueline Kennedy, a viúva do presidente assassinado. Essa ferida emocional é profunda e nunca cicatriza. A artista, que foi uma diva em seu tempo, agora se vê esquecida e precisa ser reconhecida novamente.
O filme sobre a vida de Callas não é uma cinebiografia convencional. Em vez disso, o diretor Larraín usa da fantasia e da imaginação para capturar a essência da alma da cantora. A história é contada de forma não linear, com flashbacks e imagens da ópera que invadem as memórias de Callas. Essa técnica cria uma atmosfera lírica e poética, que reflete a vida da artista.
A Música como Refúgio
A música é o refúgio de Callas, e as imagens da ópera são usadas para capturar sua essência. Em uma cena linda, Callas caminha por Paris e vê os transeuntes se transformando em figurantes de uma ópera, cantando diretamente para ela. Esse recurso de transição entre realidade e fantasia é usado várias vezes ao longo do filme.
A vida de Callas é uma ópera em si mesma, com todos os elementos de drama e tragédia. A perda da voz é um golpe devastador para a cantora, e a dor do abandono é uma ferida que nunca cicatriza. No entanto, a música continua a ser sua paixão e seu refúgio.
A atuação de Angelina Jolie como Callas é impressionante, capturando a essência da artista e sua dor. A semelhança com Norma Desmond, a diva do cinema mudo de Crepúsculo dos Deuses, é notável, mas a história de Callas é única e fascinante. O filme é uma homenagem à vida e à arte da cantora, e uma reflexão sobre a natureza da fama e da solidão.
Fonte: @ Estadão
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