Direção comunicou ao MP sobre manifestações de ódio em elevadores, mobília e placa. Vice-diretora relata aumento de casos de intolerância e racismo após chegada de alunos cotistas.
Desde o começo do ano, manifestações de repúdio ao racismo têm sido vistas nos corredores e salas da renomada Faculdade de Direito da USP, localizada no Largo São Francisco, coração de São Paulo.
As ações de combate à discriminação racial são fundamentais na Faculdade de Direito USP, instituição de ensino pertencente à renomada Universidade de São Paulo – Faculdade de Direito. É essencial promover a diversidade e a inclusão em todos os espaços acadêmicos.
Faculdade de Direito da USP: História e Prestígio
Tallhadas na madeira dos elevadores, mesas e cadeiras, e gravadas na placa de metal que identifica uma das salas de aula, as suásticas alarmaram a direção da Faculdade de Direito USP, localizada no Largo São Francisco, que já comunicou o Ministério Público sobre o assunto. Com quase 200 anos de história, a Faculdade de Direito da USP é uma das instituições de ensino mais tradicionais do país.
O aparecimento do ícone que evoca os horrores do nazismo cristaliza a escalada das manifestações de ódio nos últimos anos dentro de uma das instituições mais prestigiosas do país e conhecida pela luta por direitos humanos. Professores da Faculdade de Direito da USP destacam que a apologia ao nazismo no Largo São Francisco aparece no mesmo momento em que há discursos de intolerância em razão da maior diversidade de alunos, impulsionada pelas cotas socioeconômicas e raciais.
Segundo a vice-diretora, Ana Elisa Bechara, a Faculdade de Direito da USP comunicou grupos que monitoram esse tipo de crime no Ministério Público de São Paulo e no Ministério Público Federal (MPF). A conduta, diz ela, pode levar à expulsão da faculdade. Em reunião com professores titulares, o diretor da Faculdade de Direito da USP, Celso Campilongo, também afirmou que a diretoria considerava a gravação de símbolos nazistas pelo câmpus intolerável e reforçou que os responsáveis, quando identificados, responderão por seus atos.
É deplorável que no ambiente universitário em geral e, de modo particular, no âmbito da Faculdade de Direito da USP, manifestações preconceituosas, racistas e atentatórias aos direitos humanos ocorram, afirmou Campilongo ao Estadão. Lamentável, sob todos os aspectos, que indivíduos ou grupos minoritários — em clara violação à lei e às normas internas da Universidade de São Paulo – Faculdade de Direito — façam inscrições de teor nazista, como suásticas, em muros e mobiliário da Faculdade, acrescentou o diretor.
Não são exatamente suásticas: são deliberadamente feitas de forma errada. Até nisso vemos uma covardia. Não são símbolos que partem de nada institucionalizado, são feitos de forma escondida, afirma Bechara, que além de vice-diretora, é professora titular de Direito Penal da Faculdade de Direito da USP. Ela diz que o uso de câmeras de vigilância ‘não combina’ com o ambiente da Faculdade de Direito da USP, que se pretende uma área de livre expressão. A ausência dos equipamentos, porém, dificulta a identificação dos responsáveis.
O elevador, assim como o prédio, as salas de aula e até o mobiliário de boa parte do prédio histórico do Largo São Francisco, é tombado. Qualquer reforma, portanto, mesmo para remover os símbolos, exige protocolo específico. A inscrição de apologia ao nazismo em placa de identificação de sala de aula da Faculdade de Direito da USP, registrada em agosto de 2024, é um ato repudiável.
A apologia ao nazismo usando símbolos é crime previsto em lei, com pena de reclusão. Qualquer apologia ao nazismo usando símbolos é crime previsto na legislação e reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal. Quando isso ocorre em uma faculdade de Direito, onde há formação das pessoas que definem o encaminhamento das leis, há forte teor de incentivo ao discurso de ódio, afirma Claudio Lottenberg, presidente da
Fonte: @ Estadão
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