Líderes partidários assinam emendas; Congresso deve apresentar novo modelo de repasse dos recursos até o fim da semana.
BRASÍLIA – Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se reuniram na manhã desta terça-feira, 27, com o intuito de discutir as novas diretrizes para a utilização das emendas parlamentares, conforme relatos de parlamentares ouvidos pelo Broadcast Político.
Na tentativa de chegar a um consenso, foram debatidas diversas alterações nas normas vigentes, visando aprimorar o processo de destinação dos recursos provenientes das emendas. A expectativa é que as propostas apresentadas durante a reunião possam contribuir para maior transparência e eficiência na execução dos projetos beneficiados pelas emendas parlamentares.
Propostas para a Operacionalização das Emendas
Segundo informações obtidas pela reportagem, está sendo discutida a possibilidade de os líderes partidários serem os responsáveis por validar as emendas de comissão. Além disso, deputados mencionam a realização de uma eventual sessão conjunta do Congresso ainda nesta semana para deliberar sobre as sugestões nas emendas.
Após o entendimento firmado na última terça-feira, 20, entre os três Poderes, o Congresso se comprometeu a apresentar, em um prazo de dez dias, os detalhes de um novo modelo de repasse dos recursos das emendas visando proporcionar mais transparência e rastreabilidade. Enquanto isso, as emendas impositivas permanecem suspensas por determinação do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), decisão que foi referendada de forma unânime pelo plenário da Corte.
No que diz respeito às emendas de comissão, a nota conjunta emitida pelos três Poderes destaca que estas ‘serão direcionadas a projetos de interesse nacional ou regional, definidos de comum acordo entre Legislativo e Executivo, conforme procedimentos a serem estabelecidos em até dez dias’.
A cúpula do Congresso, por sua vez, está analisando maneiras de não perder tanto controle sobre os recursos das emendas de comissão. Uma das propostas em estudo é que os líderes partidários assinem as emendas e negociem com o governo a destinação dos recursos. No entanto, há incerteza quanto à aceitação por parte do STF e do Executivo em relação à não identificação dos autores individuais das emendas de comissão.
As emendas de comissão atualmente seguem a mesma lógica do antigo orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão e considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. A identificação do parlamentar responsável pela indicação dos recursos não é possível, e a negociação é utilizada como instrumento de poder político pelos líderes do Congresso.
Essa prática é vista como fundamental para Arthur Lira, por exemplo, consolidar sua liderança. Mesmo diante da solicitação de Flávio Dino para a identificação dos autores específicos das emendas de comissão, a Câmara reluta em cumprir essa exigência.
De acordo com uma fonte ouvida sob condição de anonimato, ao designar os líderes partidários para assinar a indicação, o Legislativo não revelaria quem direcionou o recurso, mas apontaria um responsável. Os líderes representariam suas respectivas bancadas nas negociações com o governo, conferindo maior poder ao Congresso para influenciar na destinação dos recursos.
Na Câmara, segundo relatos, Lira determina atualmente o envio das emendas de comissão em conjunto com os principais líderes, sobretudo do Centrão. A proposta, portanto, seria tornar público o que já acontece nos bastidores. O deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), relator do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2024, havia sugerido anteriormente a substituição das emendas de comissão por emendas de liderança, com a novidade de incluir a influência do governo.
A necessidade de as lideranças negociarem com o Palácio do Planalto a destinação dos recursos tende a diminuir o poder do presidente da Câmara, mas a percepção é que não há alternativa, uma vez que o acordo entre as partes deve ser alcançado em benefício do país.
Fonte: @ Estadão
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