Um fato me desconcerta: um evento mundial virou debate sobre palavrão e termos como Linguagem-Oficial, Cultura-Popular, Linguagem-Colloquial e expressões pejorativas.
Aquela conversa com meu amigo, casal de grandes amigos diplomatas, me deixou intrigado. Ele confessou que, por algum motivo, não sabia pronunciar um palavrão, o que, segundo ele, nunca foi ensinado na sua casa. E, afinal, qual é o problema em dizer um palavrão?
Um palavrão é, por definição, uma palavra considerada ofensiva ou vulgar, utilizada para expressar ofensa-verbal. Ele pode ser considerado improrriscaldo e injúria, ferindo os sentimentos de alguém. Contudo, o contexto da conversa é fundamental para entender se o palavrão foi realmente ofensivo. Naquele momento, a conversa era informal e descontraída. Contudo, a linguagem-ofensiva, se usada de forma inadequada, pode causar danos irreparáveis às pessoas. E, ainda assim, e, ainda assim, o meu amigo simplesmente não sabia pronunciá-lo.
Impressões Sobre um Palavrão
A frase que me veio à mente, com o já mais do que debatido ‘Que diabo!’, que nossa primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, usou com o bilionário Elon Musk, praticamente um assessor do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou uma vasta discussão. É provável que meus amigos do Itamaraty, conhecidos por sua educação, não diriam algo assim. Muitos deles são pessoas de grande elegância e refinamento. E há cerca de três dias, tudo que se fala é sobre Janja. Piada feita, mas é verdade que ela usou um palavrão; como primeira-dama, o cargo não permite tanto uso de linguagem coloquial. Embora ela possa dizer o que quiser, ela deve saber se comportar em público e não envergonhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já tem experiência em usar palavrões no privado, mas é mais comedido em público. Ele já tem quase três mandatos de treinamento para isso.
Em meio ao encontro de líderes mundiais, o palavrão usado por Janja chamou a atenção, mas não foi o único assunto importante. O fato que me desconcerta é como a discussão sobre um palavrão virou o centro das atenções em um dos mais importantes eventos do calendário anual do mundo. Centenas de participantes, como os que apresentaram o G20 Social, durante a presidência brasileira do G-20, divulgaram propostas para os líderes mundiais nas áreas de combate à fome, sustentabilidade e reforma da governança global. A aliança Global contra a Fome e a Pobreza foi lançada oficialmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reunindo 148 membros fundadores, 82 países, a União Africana, a União Europeia, nove instituições financeiras internacionais, 31 organizações filantrópicas e não governamentais. Os argentinos, que inicialmente não queriam assinar, acabaram convencidos e o ultraliberal Javier Milei se juntou à causa. Na Argentina, a pobreza afeta mais da metade da população, e sete em cada 10 crianças não têm o que comer, segundo dados do Unicef. ‘Que diabo!’, diria Janja.
Linguagem e Política
São dados chocantes, e talvez Janja tenha usado o palavrão de forma instintiva em reação a essa situação. No país governado pelo marido de Janja, 600 mil crianças, de zero a quatro anos, não têm o que comer. ‘Que diabo!’, ela repetiria. Além disso, não vamos esquecer a crise climática e a destruição da Amazônia, a floresta que o presidente americano, Joe Biden, visitou recentemente e anunciou uma doação de US$ 50 milhões. Mais um ‘Que diabo!’ deve ter saído da boca de Janja. Perdoem-me, mas poderia dizer que o que ele doou é o mesmo que ele gastou trazendo água mineral e refrigerante dos Estados Unidos. Não vamos esquecer o mais importante, no entanto.
Política e Moralidade
Enquanto ele posava para fotos em um cenário que mais parecia um painel, as agências internacionais anunciaram que Biden autorizara a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance, fornecidos pelos Estados Unidos, para atacar a Rússia. A mesma decisão permitiria que o Reino Unido e a França concedam à Ucrânia permissão para usar os mísseis ‘Storm Shadow’, mesmo nome de um personagem do filme ‘G.I. Joe’. Não defendo nem ganho para defender a Janja, mas em um mundo de autoridades, celebridades e outros, ninguém é espontâneo nem natural e muito menos diz ‘Que diabo!’ assim ao léu. Tudo é milimetricamente ensaiado, coreografado. Tudo tem uma ordem, até
Fonte: @ Estadão
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