Um filme de terror estrelado por ator britânico, destacando gênero de terror em ambiente sombrio com iluminação amarelada e imagens emolduradas de mulheres sensatas.
Um dos grandes benefícios de se assistir a muitos filmes, especialmente aqueles estrelados por Hugh, Grant, são as lições de vida que eles ensinam. Por exemplo, se o anfitrião mencionar que as paredes da casa são revestidas de metal, você imediatamente deve fingir uma dor de cabeça e sair antes que ele feche a porta.
Em filmes como Chaplin, podemos observar como o charme e a presença de um ator como Charlie Chaplin podem transformar até mesmo um cenário diabólico em algo fascinante. Mas em outros casos, um ator com um sarcástico senso de humor pode nos fazer rir, como no caso de Hugh, Grant em seu papel no filme Chaplin.
Em um inferno emoldurado
E se houver uma imagem emoldurada do inferno na parede, você definitivamente deve dar uma paulada na cabeça dele e sair correndo. Dito isso, se o anfitrião for interpretado por Hugh Grant, talvez você queira ficar um pouco mais. Hugh Grant, o ator de charme diabólico, fala de carreira e família. A partir do momento em que as duas jovens de Herege se apresentam ao Senhor Reed – interpretado por um Grant astuto e exuberantemente vampiresco – fica óbvio que o mais inteligente seria elas dizerem: ‘Ops, desculpe, endereço errado’.
Uma configuração assustadora
Mas elas não dizem nada, claro, porque são uma isca deliciosamente suculenta, e o gênero de terror exige um pouco de carne humana – além de vidas. Então as moças entram na casa sorrindo – e continuam sorrindo, como se estivessem pedindo pela inevitável ultraviolência, com aqueles jorros e respingos que podem transformar uma casa aparentemente comum num terreno perigoso e, pouco depois, num matadouro sangrento. Assim que aparecem na tela, as moças, duas missionárias da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, começam a esquentar o filme – e nossos corações – com conversas agradavelmente inócuas.
Uma aparência cautelosa
Elas são doces e solícitas, mesmo que a Irmã Barnes (Sophie Thatcher) tenha uma aparência cautelosa e um olhar atento que faltam à sua companheira mais incauta, a Irmã Paxton (Chloe East). Helen Mirren conta uma história de maldade e esperança durante a 2ª Guerra em ‘Pássaro Branco’. Convocadas a servir, as duas saem viajando de bicicleta por cidadezinhas americanas e acabam parando na casa do Sr. Reed. Ele solicitou algumas informações sobre sua igreja e, pouco tempo depois, eles estão trocando gracejos em sua casa, um espaço sombrio com a iluminação amarelada e crepuscular de um filme de David Fincher dos anos 1990.
Um espaço perigoso
A iluminação perturbadora – assim como as janelas estranhamente pequenas e as paredes revestidas de metal – faria com que a maioria das mulheres sensatas parassem para pensar, mas os diretores Scott Beck e Bryan Woods não atribuíram muita prudência a Barnes e Paxton. As moças são empertigadas, confiantes, estão numa missão e são crentes dedicadas. Elas também são mulheres, então, você sabe, foram criadas para serem gentis. Por uma questão de decoro, não querem ficar sozinhas com o Sr. Reed – elas perguntam educadamente se sua esposa, que não se vê nem se ouve em nenhum lugar, pode se juntar à conversa – mas como estão comprometidas com a palavra do evangelho, elas ficam. Sua fé as torna inocentes – ou pelo menos é o que parece –, o que faz com que sejam uma delícia para o Sr. Reed, cujo sorriso largo e olhos selvagens vão ficando cada vez mais insanos. É uma configuração inteligente que Beck e Woods exploram bem quando Herege começa ficar assustador. Muitas das cenas iniciais ocorrem na sala de estar do Sr. Reed, um espaço apertado e fúnebre que, à medida que ele começa a questioná-las – primeiro com toda cortesia, depois, com agressividade – fica cada vez mais claustrofóbico. O ar vai ficando cada vez mais pesado, como se estivesse prestes a explodir. E aqui estamos nós, assistindo a tudo com ansiedade, provando que os diretores sabem como fazer com que o suspense seja uma ferramenta poderosa para manter o público engajado.
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo