Nomeações ligadas à Operação Lava Jato chegam em altos cargos do Executivo e do Judiciário, envolvendo Poder, Tribunais Superiores e Processo de impeachment.
BRASÍLIA – Uma década após ter nascido em meio às críticas à Operação Lava Jato, o Grupo Prerrogativas continua ganhando destaque no cenário político brasileiro. Com cerca de 250 advogados e juristas de esquerda, o grupo vem fortalecendo sua presença tanto no Executivo quanto no Judiciário durante o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. O ‘Prerrô’, como é carinhosamente chamado, tem conquistado espaço em altos cargos do Poder Executivo e em Tribunais Superiores e Regionais Federais, demonstrando sua influência e relevância.
Coordenado pelo advogado Marco Aurélio de Carvalho, o grupo se destacou como crítico ferrenho da Lava Jato e apoiou Dilma Rousseff durante o processo de impeachment em 2016. Além disso, o Grupo Prerrogativas tem sido fundamental na campanha pela eleição de Lula em 2022, mostrando seu compromisso com a defesa dos direitos e valores democráticos no país.
Grupo Prerrogativas: Estratégias e Conexões no Poder
Na ocasião, os advogados organizaram jantares para arrecadar doações ao PT e aproximar a classe empresarial do então candidato. Membros do Prerrogativas comemoram em festa posse de Daniela Teixeira no STJ, em novembro de 2023. Com o governo eleito, entre os escolhidos por Lula para chefiar os ministérios há nomes que têm ligação com o grupo Prerrogativas: Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), Vinícius Marques de Carvalho (Controladoria-Geral da União), Anielle Franco (Igualdade Racial), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Silvio Almeida (Direitos Humanos e Cidadania) e até Fernando Haddad (Fazenda). Almeida deixou o grupo de WhatsApp, em que estão todos os que são considerados como parte do ‘Prerrô’. Em setembro do ano passado, ele saiu do grupo após receber críticas ao seu trabalho, em meio aos rumores de que o governo federal cogitava privatizar presídios. Em postos de confiança nos ministérios o Prerrogativas também conta com nomes como Manoel Carlos de Almeida Neto (secretário-executivo), Angelita da Rosa (secretária-executiva adjunta), Jean Uema (secretário nacional de Justiça) e Sheila de Carvalho (secretária nacional de Acesso à Justiça) no Ministério da Justiça e Segurança Pública, e Guilherme Mello (secretário de Política Econômica) e Laio Correia Morais (chefe de gabinete) no ministério da Fazenda. Se Gabriel Galípolo, hoje diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil, chegar à presidência da instituição, será mais um nome do grupo no alto escalão da República. Vera Lúcia Araújo (ministra substituta no Tribunal Superior Eleitoral), Daniela Teixeira (ministra do Superior Tribunal de Justiça) e Antônio Fabrício Gonçalves (Tribunal Superior do Trabalho) representam o Prerrogativas nas instâncias superiores. E outros participantes do grupo conquistaram cargos em órgãos e autarquias diversos, como os Correios, o Incra e a AGU. Só o Comitê de Ética Pública, vinculado à Presidência da República, conta com três nomes do Prerrô entre os seis membros: o presidente Manoel Caetano e os conselheiros Marcelise Azevedo e Georghio Tomelin. Nas últimas semanas, o grupo foi além e ampliou seu espaço ao ver nomeada a advogada Gabriela Araújo, esposa do deputado estadual Emídio de Souza (PT-SP) e uma das amigas mais próximas da primeira-dama Rosângela da Silva, como desembargadora no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), e os juízes titulares Cláudio Langroiva (TRE-SP) e Sérgio Francisco Carlos Graziano (TRE-SC). Se a nomeação de Gabriela, que também é coordenadora-adjunto do grupo, foi considerada a ‘cereja do bolo’, um evento realizado na capital federal na semana passada foi a própria festa. A cerimônia de entrega da medalha da Ordem do Mérito da AGU, sediada no Clube Naval de Brasília com a presença da nata da República, condecorou oito integrantes do Prerrô entre os 120 agraciados, incluindo Carvalho. Membros do Prerrogativas em encontro com Lula. Fora as conquistas, alguns membros do Prerrogativas confessam ter tido dois.
Fonte: @ Estadão
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