MTG em alta, funk mineiro se destaca. Pesquisadores e músicos explicam diferenças com funk do Rio-SP. Personagens, hits, movimento e mestres em foco.
Na temporada de Malhação 2012, a personagem-sensação Fatinha, vivida por Juliana Paiva, desfilava pelo colégio com um shortinho curto e um cropped ao som do hit Piriguete. O funk mineiro tem se destacado cada vez mais no cenário nacional, trazendo novos ritmos e artistas para o público brasileiro.
O funk de Belo Horizonte e do estado tem ganhado espaço nas festas e nas rádios, conquistando fãs por todo o país. Com letras envolventes e batidas marcantes, os artistas funk de Minas Gerais mostram que a criatividade e a originalidade estão presentes em cada nova produção. A diversidade do cenário musical funk mineiro reflete a riqueza cultural do estado, trazendo uma mistura única de sonoridades e influências.
Explorando as Raízes do Funk Mineiro em Belo Horizonte
Quem entoa os versos é MC Papo, uma figura emblemática do funk mineiro que ganhou destaque nacional com um reggaeton inovador. A melodia trazia um frescor único e se tornou um verdadeiro hit, mas ainda não revelava totalmente a identidade do funk do estado como um gênero musical próprio – pelo menos não para os observadores externos. A verdade é que, apesar do sucesso recente nas telas de televisão e nas redes sociais com as MTGs, o funk mineiro possui uma história rica e profunda, que remonta aos anos 1980, nas festas da zona norte de Belo Horizonte.
Impulsionados pelo movimento Black Rio, os moradores da região criaram suas próprias celebrações, fundamentando os bailes locais. Não demorou muito para o funk se espalhar de norte a sul em Belo Horizonte, com destaque para os bairros Vilarinho, onde uma quadra icônica deu início a tudo, e Serra, onde o funk se consolidou nos bailes ao ar livre antes de se expandir pela região metropolitana.
Os Anos de Ouro do Funk Mineiro
Foi nos anos 1990 que a cena belo-horizontina vivenciou uma revolução. Foi nesse período que surgiram os mestres de cerimônia (MC’S), que passaram a cantar músicas autorais em português, em vez de apenas reproduzir canções estrangeiras. Bruna Vilela, especialista em Comunicação pela UFPE e pesquisadora do funk de Belo Horizonte, destaca a importância desse momento para a consolidação do gênero na região.
Até mesmo DJ Marlboro, uma figura fundamental do funk nacional, teve participação direta no desenvolvimento da cena mineira. Em 1989, ele reuniu talentos locais na coletânea Funk Brasil, desafiando as expectativas da indústria fonográfica. Apesar das dúvidas e críticas, o sucesso da coletânea foi inegável, inspirando grupos de funk de todo o país a enviar suas fitas para o DJ.
O Surgimento do Funk Consciente em Belo Horizonte
Com o crescimento do funk a nível nacional, impulsionado por DJ Marlboro, a influência do miami bass norte-americano e do funk melody carioca se fez presente em Belo Horizonte. Essa fusão de estilos deu origem ao chamado funk consciente, caracterizado por letras que abordavam questões sociais e até mesmo religiosas.
Em músicas como ‘Fé na Vitória’, de MC Dodô, a mensagem de arrependimento, esperança e redenção ecoa de forma poderosa: ‘Falhas, todos cometemos, tristeza e alegria nós vivemos/ Perdi toda família, tive que fazer a minha correria/ Hoje sinto e lamento, já passei tanto tempo aqui dentro’. O funk mineiro, com suas raízes profundas e sua evolução constante, continua a ser uma expressão vibrante e autêntica da cultura belo-horizontina.
Fonte: @ Estadão
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