Desemprego no menor nível em dez anos e recuo na participação dos brasileiros na força de trabalho transformaram o último Mutirão do Emprego em ‘mutirão do pleno emprego’ com fila quilométrica de desempregados.
Quem esteve no centro da cidade de São Paulo na semana passada testemunhou uma cena rara nos últimos tempos. A fila extensa de desempregados procurando por uma oportunidade, que costumava se estender pelo Vale do Anhangabaú devido ao Mutirão Nacional do Emprego, não se formou este ano. A demanda por mão-de-obra qualificada parece ter sido atendida de forma mais eficiente, trazendo alívio para muitos candidatos em busca de uma recolocação no mercado de trabalho.
A presença de trabalhadores-qualificados e profissionais capacitados foi notável durante o evento, demonstrando a importância de investir na formação de especialistas em diversas áreas. A valorização da mão-de-obra qualificada é fundamental para impulsionar a economia e garantir um futuro promissor para todos os envolvidos. A iniciativa do Mutirão Nacional do Emprego contribuiu significativamente para fortalecer a conexão entre empresas em busca de talentos e candidatos em busca de oportunidades.
Mutirão do Emprego: Pleno Emprego e Escassez de Mão-de-Obra Qualificada
Os gradis, utilizados para organizar os candidatos na rua, foram abandonados nos cantos das calçadas. Pela primeira vez desde 2018, o Mutirão do Emprego, promovido pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) e o Sindicato dos Comerciários de São Paulo, transformou-se no ‘mutirão do pleno emprego’. Isso significa que houve mais vagas disponíveis do que candidatos. Durante os cinco dias do evento, 3,58 mil trabalhadores qualificados marcaram presença, menos da metade dos 7,4 mil candidatos da primeira edição, em 2018. O número de postos de trabalho oferecidos neste ano atingiu um recorde: 25.046.
‘Foi o mutirão com o maior número de vagas disponíveis em todas as nove edições e com menos candidatos’, afirma o presidente da UGT e do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, Ricardo Patah. Das posições abertas, apenas 200 foram preenchidas no evento, representando menos de 1%. Esse cenário reflete a dificuldade enfrentada pelas empresas para contratar mão-de-obra qualificada. A taxa de desemprego de 6,9% registrada no trimestre encerrado em junho foi a menor dos últimos dez anos, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A fila do Mutirão do Emprego no Vale do Anhangabaú em 2016 contrasta com a edição de 2024, praticamente sem fila. A escassez de mão-de-obra atingiu níveis alarmantes, afetando 40% das profissões que representam a maior parte dos empregos formais no país, conforme revelado por um estudo da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a pedido do Estadão. As profissões com maior escassez de trabalhadores estão relacionadas ao setor de serviços e à construção civil.
O economista da CNC, Fabio Bentes, identificou que 92 das profissões mais empregadas apresentavam sinais de escassez em junho. O salário para contratar trabalhadores nessas áreas cresceu acima da média do mercado de trabalho (5,8%) entre junho de 2023 e junho de 2024, e o número de trabalhadores também aumentou no período. ‘Estamos vivendo o auge da escassez de mão-de-obra no mercado de trabalho’, afirma Bentes, destacando que um cenário semelhante ocorreu em meados de 2021, após a pandemia.
O Departamento de Pesquisa Econômica do Banco Daycocal, com base nos dados da Pnad, revelou que seis dos dez setores da economia analisados apresentam alta demanda por mão-de-obra qualificada há mais de seis meses. A busca por trabalhadores-qualificados, profissionais capacitados e especialistas é uma realidade que desafia as empresas e impulsiona a necessidade de investimento na formação e qualificação da mão-de-obra disponível.
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo