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Embrapa e INPE registram aumento de cultivos com mais de duas safras em áreas nativas regeneradas e vegetação natural secundária, promovendo melhor uso de áreas de pastagem.
A agricultura na Amazônia e no Cerrado teve um aumento significativo de 22% entre 2018 e 2022. Esse crescimento é motivo de comemoração para os pesquisadores, que destacam a forma sustentável desse avanço na área agrária. É importante ressaltar que 96% dos 56 mil quilômetros quadrados (ou 5,6 milhões de hectares) de expansão ocorreram em áreas já utilizadas pelo homem nesses biomas, sem causar desmatamento da vegetação natural.
O setor da agropecuária também tem papel fundamental nesse cenário de crescimento da agricultura na região. A integração entre a produção agrícola e pecuária tem contribuído para o desenvolvimento sustentável dessas áreas, garantindo a preservação ambiental e o aumento da produtividade. É um exemplo de como é possível conciliar o progresso econômico com a conservação dos recursos naturais.
Agricultura: Sustentabilidade e Desmatamento
Os dados do projeto TerraClass, realizado em parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), revelam informações cruciais sobre as áreas onde a vegetação nativa foi suprimida. Quando se trata da agricultura, os números indicam que ela não é a principal causa do desmatamento. O avanço agrícola ocorre principalmente em áreas de pastagens, conforme destaca Júlio Esquerdo, coordenador do projeto e pesquisador na Embrapa Agricultura Digital.
O bioma Amazônia abrange mais de quatro milhões de quilômetros quadrados, dos quais 78% são áreas nativas e 4% são ocupados por formação florestal em regeneração. A agricultura ocupa 2,02% da área, aproximadamente 85 mil quilômetros quadrados (ou 8,5 milhões de hectares), enquanto as pastagens abrangem 12,37%, equivalente a 520 mil km² (ou 52,1 milhões de hectares).
No Cerrado, quase dois milhões de quilômetros quadrados são encontrados. A vegetação nativa intocada representa 48,29% da área, com 3,88% de vegetação natural secundária em processo de regeneração. As pastagens ocupam 30,02% (595 mil km² ou 59,5 milhões de hectares), e a agricultura e silvicultura correspondem a 15,88% (315,1 mil km² ou 31,5 milhões de hectares).
Agricultura com múltiplas safras está em ascensão tanto na Amazônia quanto no Cerrado. Na Amazônia, 88% das áreas de agricultura temporária já adotam pelo menos duas safras, evidenciando o potencial produtivo da região e uma abordagem mais sustentável. Esse modelo de produção otimiza a utilização das áreas, aumentando a produtividade sem expandir a área cultivada, resultando em menor pressão para abrir novas áreas agrícolas.
No Cerrado, também é observado um aumento na prática da agricultura com mais de uma safra. Em 2018, 145,5 mil quilômetros quadrados adotavam essa prática, e em 2022, esse número cresceu para 173,2 mil quilômetros quadrados, representando um aumento de 18,9%.
Embora as pastagens tenham aumentado, exercem pressão sobre as florestas. Os dados do TerraClass apontam um crescimento de 6,1% na área de pastagens na Amazônia e de 5,4% no Cerrado entre 2018 e 2022. A correlação entre o aumento das pastagens e a redução das áreas nativas não é explicitada nos dados iniciais, mas Júlio Esquerdo reconhece que a expansão das pastagens impacta diretamente a vegetação natural.
Fonte: @ Estadão
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