Atriz interpreta protagonista feminina em série australiana do Prime Video, onde é ‘a pessoa mais competente da sala’ apesar de ser ‘incompetente no trabalho’.
A transição de uma série de comédia de escritório clássica como The Office para uma versão mais contemporânea, que reflete as changing norms sociais, é um processo complexo e prolongado. O fato de a nova protagonista feminina ter sido incorporada apenas na 15ª adaptação da série é um sinal de mudança, uma demonstração da crescente conscientização sobre a importância da representação feminina nas telas.
Com a chegada de Felicity Ward à série, a nova The Office australiana se torna um programa mais inclusivo e diverso. A atriz feminista assume o papel principal e transmite uma mensagem de igualdade de gênero e oportunidade para as mulheres. A série não é mais apenas uma comédia de escritório, mas também um espaço para discutir questões sociais e políticas. A edição do Prime Video em 18 de março não poderia ser mais oportuna, trazendo um conteúdo relevante para o público em um momento em que a discussão sobre igualdade de gênero está mais presente do que nunca.
Uma Nova Fisionomia para ‘The Office’
A essência da série permanece inalterada, mas com uma nova abordagem: embora Hanna Howard seja tão inepta quanto Michael Scott, há uma série de piadas atuais sobre o trabalho. Acredito que o ponto central desse programa e da presença de uma chefe feminina é que não há nada de significativo em relação a empowerment feminino em Hannah Howard. Este não é um programa motivacional para mulheres. Não é um programa feminista. Se é que posso dizer, isso retrocede o movimento feminista. Ela é uma chefe terrível, diz Felicity Ward em entrevista ao Estadão. No entanto, ao mesmo tempo, a atriz acredita que a série está avançando ao tratar uma personagem feminina assim. Para Felicity, era o que precisavam.
Avanços e Recuos
Felicity Howard é a chefe do escritório desta vez, e é muito engraçada. Quando você tem uma personagem feminina como protagonista em uma sitcom, ela é a pessoa mais competente da sala. É quem organiza as coisas, é neurótica, tem questões de controle, contextualiza. Existem muitos estereótipos e ser um desastre e incompetente não é, geralmente, o que temos a oportunidade de interpretar. Por isso, simplesmente amo interpretar mulheres incompetentes. Adoro. Gosto que as pessoas digam que as mulheres são ruins em seus trabalhos e que podemos ser medianas e ainda assim estar no poder.
Adaptações e Versões
O fato é que não dá para ser a mesma coisa que a primeira versão da série, criada por Ricky Gervais em 2001, tampouco repetir as sacadas da adaptação de maior sucesso, a americana, de 2005. Novos assuntos surgem, como o fim do espaço físico para um trabalho remoto, mas continua aquele mesmo clima de constrangimento geral que The Office sabe fazer tão bem – Hannah, a personagem de Felicity, é obcecada pela ‘família do trabalho’.
A Família do Trabalho de Hanna Howard
No final das contas, Felicity agradece ao capitalismo por permitir novas discussões. Estavam desenvolvendo a ideia de que todo mundo trabalharia de casa a partir daquele momento. É uma conversa que está acontecendo literalmente agora, onde volta e meia surge essa questão: ‘podemos voltar a trabalhar cinco dias por semana?’, diz Felicity. Eu pensei que talvez essa conversa já tivesse acabado, mas não acabou. Continua acontecendo nas empresas ao redor do mundo. Então, obrigada capitalismo!
A Queda do Movimento Feminista
Questionada se o The Office da Austrália é melhor do que outras versões, Felicity nem ousa responder – pouco antes, ela admitiu que tem um medo tremendo das críticas que podem surgir na internet. Apenas admite que são propostas diferentes, cada uma com suas ideias. O conceito de The Office funciona porque todo mundo já trabalhou para alguém. Muitos não sabem como conseguiram o emprego, nem como permaneceram nele, e nem como não foram demitidas até hoje, diz. Todos nós já trabalhamos para alguém e pensamos: ‘essa pessoa tem que ser demitida, não dá para passar batido’. E, mesmo assim, elas continuam lá. Isso é David Brent. Isso é Michael Scott. E é também Hannah Howard.
Fonte: @ Estadão
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