Grande teste para medidas do ministro da Fazenda é a evolução da dívida pública. Política brasileira é um terreno fértil e o foco não está no governo, mas na oposição, especialmente Bolsonaro. Divisão entre setores leais ao ex-presidente tem condições favoráveis para o Planalto.
Desde que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o cargo, o cenário político brasileiro tem sido marcado por uma série de escândalos e controvérsias. Um dos pontos mais relevantes é a investigação sobre a tentativa de manipulação das eleições de 2022, a qual, segundo relatos, teria contado com o apoio de setores da oposição, liderados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os rumores de uma tentativa de interferência nas eleições não são novidade, mas a abertura de uma investigação oficial trouxe uma nova dimensão para o caso. A oposição, agora, precisa se defender diante de acusações de que Bolsonaro e seus aliados tentaram impedir a vitória de Lula. A posição de Bolsonaro, que já é conhecida por suas ideias conservadoras, tornou-se ainda mais complicada diante dessas acusações. O ex-presidente Bolsonaro nega qualquer envolvimento nas manobras, afirmando que suas ações eram legítimas e dentro da lei. O governo de Lula, por sua vez, pede transparência sobre as investigações, e garante que qualquer irregularidade será punida com severidade. O cenário político brasileiro continua a ser moldado por controvérsias e escândalos, e o caso Lula-Bolsonaro não deve ser esquecido. Embora Lula tenha ganhado as eleições, a investigação é um lembrete de que mesmo os políticos mais poderosos podem ser responsabilizados por seus atos.
Um cenário político em evolução: implicações para 2026
A instauração de um inquérito da Polícia Federal e a provável denúncia da Procuradoria-Geral da República irão causar desconforto nos apoiadores do Bolsonaro. Nesse contexto, pode-se esperar uma divisão entre setores leais ao ex-presidente, que insistirão na inocência dele, e outros que verão o processo como uma oportunidade para construir lideranças alternativas, com viés antissistema ou mais moderado. Essa divisão entre os adversários de Lula facilitaria o avanço da agenda do governo no Congresso. Condições já têm sido relativamente favoráveis para o Planalto.
A popularidade do Bolsonaro está próxima aos níveis do início do governo, e a maioria dos deputados e senadores continua propensa a cooperar com Lula, mesmo que discretamente, o que é uma condição importante para a aprovação de medidas econômicas. Uma oposição nas cordas permitirá que o governo tenha mais controle sobre a pauta legislativa, com caminho mais aberto para as propostas de controle de gastos e outras iniciativas, como a reforma do imposto de renda ou novas medidas de aumento de receita.
Ainda assim, haverá oposição a essas propostas, e muitas delas ainda acabarão sendo modificadas ou derrubadas pelo Congresso; mas essa resistência será ainda mais concentrada nos grupos de interesse específicos que são afetados, e menos articulada de maneira geral pelas lideranças de oposição. A resposta do Bolsonaro a esse contexto deverá sinalizar que ele ainda tem grande apelo eleitoral e que, mesmo que seja impedido de concorrer em 2026, poderá indicar outro nome, fechando as portas para dissidentes.
Isso impele o Bolsonaro a sinalizar que não desistirá de ser candidato, para reforçar a narrativa de perseguição, e que qualquer nome alternativo será fiel a suas bandeiras e leal a ele próprio, para ter o máximo possível de transferência de votos. Com isso, portanto, aumentam as chances de que um dos filhos do ex-presidente seja o verdadeiro candidato do campo bolsonarista em 2026.
Nesse cenário, é grande a chance de mais uma eleição polarizada em 2026; dessa vez, entre Lula e Eduardo ou Flávio Bolsonaro. A chave, para Bolsonaro, será manter o mesmo discurso que galvanizou o apoio de algo como um terço do eleitorado brasileiro, talvez até um pouco mais, a depender da análise.
Assim, não apenas a direita bolsonarista teria uma chance real de voltar ao poder em 2026, mas também mais influência sobre as eleições do Congresso, especialmente no Senado, alterando o balanço de forças no Supremo Tribunal Federal. Ainda há muito em jogo nos próximos anos, e o reequilíbrio de forças dentro da oposição, após o escândalo do plano golpista, será uma das histórias mais importantes para se acompanhar.
Fonte: @ Estadão
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