Insultos verbais como testes de virilidade têm tanta potência quanto tiros morais em pleno Congresso Nacional, armações de assassinato de opositores, ou o aniquilamento da liberdade nos golpes, afetando o jogo político e o estilo de vida no processo eleitoral de um sistema social graduado.
A política é um jogo complexo, onde os jogadores disputam espaços e influência. Imagine um cenário onde os políticos são os jogadores e as cadeiras representam os cargos eletivos. A música é a campanha eleitoral, que anima e mobiliza os jogadores. No entanto, quando a música para, os jogadores precisam se adaptar rapidamente para garantir seu lugar no jogo.
Na política, a democracia é o sistema que rege o jogo. Cada rodada é uma eleição, onde os jogadores competem por votos e apoio. No entanto, a cada rodada, um jogador é eliminado, perdendo seu assento no poder. A política é um jogo de estratégia e habilidade, onde os jogadores precisam se adaptar constantemente para manter seu lugar. Aqueles que não conseguem se adaptar são eliminados, deixando espaço para novos jogadores entrarem no jogo. A política é um jogo de poder, onde os jogadores precisam ser habilidosos para manter seu lugar no topo.
Política e Democracia: Um Jogo de Cadeiras
No final, resta apenas um vencedor e uma cadeira. Durante um debate na TV Cultura, o candidato José Luiz Datena agrediu Pablo Marçal com uma cadeira após ser provocado. Esse episódio revela a força e a profundidade da cultura ou estilo de vida que permeia nossa sociedade. A cadeirada desnudou as dificuldades de uma sociedade hierárquica em operar dentro de um processo eleitoral democrático, competitivo e igualitário, semelhante ao velho jogo das cadeiras.
Um processo semelhante ao do esporte, do trânsito, da fila, estruturado pela concorrência livre e igualitária. Veja o que acontece quando a gente deixa ‘todo mundo’ disputar uma prefeitura tão importante como a de São Paulo. Num sistema social graduado, ouvir reacionários, hiperindividualistas agressivos sem nenhum compadrio político, ao lado do nosso batido elitismo revolucionário, é um enorme risco para uma sociedade alérgica à equidade.
Política e Poder: Uma Questão de Estilo de Vida
Sobretudo porque a nossa esfera política se define por esperteza, malandragem, mentira, corrupção, anistia e privilégio. É complicado competir num sistema no qual todos, como nos bons tempos da escravidão e do império, deveriam ‘saber o seu lugar!’ Quando a mentalidade hierárquica se confronta com a igualdade democrática, como ocorre no processo eleitoral, surge o particularismo do ‘você sabe com quem está falando?’ concretizado numa cadeirada.
A violência seria a resposta para os abusos verbais. A transformação do assento em tacape provaria quem seria mais ‘homem’ numa estrutura social que mistura questões públicas cruciais com machismo de botequim. E não pense o leitor que isso é simplesmente ‘falta de educação política’. É muito mais, pois ameaças verbais revelam o permanente poder das palavras, como acontece nas pragas, nos xingamentos, nas rezas.
Política e Democracia: Um Jogo de Igualdade
Insultos verbais como testes de virilidade têm tanta potência quanto os tiros morais em pleno Congresso Nacional, as armações de assassinato de opositores, ou simplesmente o aniquilamento da liberdade nos golpes – essas cadeiradas políticas coletivas. O episódio exibe aversão à igualdade, ao lado de um hiperpersonalismo costumeiro que não pode mais ser confundido com a esfera política. Ele precisa ser trocado por programas em favor das cidades e do Brasil. Modernizar é ser capaz de dizer não aos particularismos das cadeiradas para jogar o jogo da igualdade. É ser capaz de dizer não a si mesmo em harmonia com o bom senso exigido pela cidadania.
Fonte: @ Estadão
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